Sexta-feira, Julho 26, 2024
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Petróleo: Barril perde mais de 2% com ameaça da Reserva norte-americana subir ainda mais as taxas de juro – Angola é um dos países que mais sofre com estes recuos no valor do crude

O barril de Brent, a principal referência para as ramas exportadas por Angola, estava esta quinta-feira, 22, perto das 14:00, hora de Luanda, a perder quase 2,5%, para os 75,29 USD, o que aparece na pior altura para a economia nacional que atravessa uma séria crise cambial e inflacionista.

Com a produção a decair de forma constante, estando já pouco acima de 1 milhão de barris por dia (mbpd) e os valores da matéria-prima em perda há várias semanas, embora aqui e ali com ligeiras recuperações, ao que se soma a forte dependência do sector para o equilíbrio das contas públicas, esta “prisão” do valor do barril entre os 72 e os 77 dólares nas últimas semanas é uma forte dor de cabeça para o Executivo de João Lourenço.

Apesar deste valor estar ainda acima daquele que foi usado como referência para a elaboração do OGE 2023, que foi de 75 USD, as intempestividades da economia global, e as surpresas na economia nacional, como a inflação e a catástrofe cambial que o país atravessa, o Governo fica sem grande margem para desenvolver em pleno as suas políticas de diversificação da economia e investimentos estruturantes, retido que fica no cumprimento das obrigações básicas, como as despesas correntes.

As más notícias que estão a surgir dia após dia dos mercados petrolíferos e nem sequer os cortes extraordinários na produção da OPEP+, que já vão, com o contributo singular da Arábia Saudita de 1 mbps, nos 4 mbpd, estão a conseguir repor o equilíbrio desejado e essencial para grande parte dos exportadores do “cartel” que dependem mais do sector energético, como é o caso de Angola.

Por detrás destas fracas expectativas de melhorias para breve, embora a AIE e algumas casas financeiras importantes, como a Goldman Sachs, mantenham um Outlook positivo para a procura em 2023, estão os recorrentes aumentos das taxas de juro directoras nos EUA e no na União Europeia, sendo que este refluxo mais abrasivo é resultado directo do recente anúncio por parte do presidente da Reserva Federal dos EUA, Jerome Powell, de que as taxas, quando se pensava que tinham chegado ao pico máximo, ainda vão crescer por mais duas vezes 25 pontos base.

A influência destas medidas, que visam essencialmente estancar a inflação galopante nos EUA e na União Europeia, que seguem e somam ao risco de recessão, que já se sente em países europeus de grande relevo mundial, como a Alemanha, têm um impacto substantivo em todo o mundo, impondo juros ainda mais severos às economias mais débeis, especialmente as africanas, que estão cada vez asfixiadas na corda grossa dos compromissos com a dívida.

A par das más novas vindas dos EUA, também a China tem complicado os nervos ao sector, com sucessivas informações sobre a redução da procura interna por energia e diminuição da produção industrial, a par de uma fragilização consolidada do seu poderoso sector imobiliário.

A guerra na Ucrânia, que é o actual chapéu para grande parte destes fenómenos, está a ser cada vez mais desvalorizada pelos analistas quando chega o momento de encontrar responsáveis por este estado das coisas, porque o fluxo comercial que bloqueou entre EUA e Rússia e União Europeia e Moscovo, foi quase a 100% realinhado para outros azimutes, voltando ao equilíbrio possível, com os russos a virarem as suas atenções para a Ásia…

Contas angolanas

Para Angola, que é um dos produtores e exportadores que mais dependem da matéria-prima em todo o mundo, devido à escassa diversificação económica, este sobe e desce dos mercados é melindroso.

Se continuar na faixa dos 72 aos 77 USD em relação ao Brent, por muito tempo, as consequências podem bastante negativas porque gera um superavit escasso quando sucede, e os riscos de subfinanciamento do Estado face aos compromissos assumidos no OGE, podem ser graves se não for revisto.

Aliás, o Governo de João Lourenço tem ainda como motivo de preocupação uma continuada redução da produção de petróleo, que se estima que seja na ordem dos 20% na próxima década, estando actualmente pouco acima dos 1,1 milhões de barris por dia (mbpd), muito longe do seu máximo histórico de 1,8 mbpd em 2008.

Por detrás desta quebra, entre outros factores, o desinvestimento em toda a extensão do sector, deste a pesquisa à manutenção, quando se sabe que o offshore nacional, com os campos a funcionar, está em declínio há vários anos devido ao seu envelhecimento, ou seja, devido à sua perda de crude para extrair e as multinacionais não estão a demonstrar o interesse das últimas décadas em apostar no país.

A questão da urgente transição energética, devido às alterações climáticas, com os combustíveis fosseis a serem os maus da fita, é outro factor que está a esfumar a importância do sector petrolífero em Angola.

Fonte: NJ

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