Nove pessoas morreram na madrugada de sexta-feira, na vila do Nzagi, província da Lunda-Norte, na sequência do desabamento de terra, quando realizavam garimpo de diamantes num local sem registo de práticas do género, frequentado por jovens para tirarem água do rio e tomarem banho.
O administrador municipal do Cambulo, Silvestre Cheleca, confirma que há um cidadão oeste-africano entre as vítimas mortais da tragédia. Um ferido está a receber tratamentos no hospital local.
Silvestre Cheleca afirmou que a tragédia ocorreu num local onde nunca houve a prática de garimpo, num sítio de passagem habitual do rio Nzagi, nos lados da antiga cerâmica. Bem ao lado há um campo utilizado pelos jovens para praticarem desporto.
“Nunca passou pela cabeça das autoridades locais e até de muitos habitantes do Nzagi que o local fosse propiciar a actividade de exploração ilícita de diamantes”, disse, justificando o facto de ser um local residencial e muito movimentado.
O também engenheiro de minas esclareceu que a terra que desabou foi posta por uma empresa de exploração diamantífera, que alguns anos fazia trabalhos de prospecção na margem do rio Nzagi. Com as escavações abaixo, a parte de cima ficou em suspensão, o que originou o desabamento.
Após lamentar a morte das pessoas, o administrador afirmou que as buscas continuam na perspectiva de se encontrarem mais corpos, apoiadas pela sociedade mineira do Chitotolo, que disponibilizou meios técnicos para facilitar o processo. Os corpos foram entregues aos familiares e os funerais realizaram-se ontem, com a excepção de um que ainda se encontra na morgue do hospital municipal do Cambulo, e que aguarda pela chegada dos familiares que se encontram na província do Moxico.
A administração municipal ajudou na aquisição de urnas e outros meios logísticos, como forma de solidariedade com os familiares das vítimas. “Estamos todos solidários com as famílias que perderam os seus filhos. Por isso, a administração municipal deu todo o apoio”, disse, alertando a população para o perigo que a actividade de “garimpo” representa para os jovens e para as comunidades.Silvestre Chelega informou que todas as localidades de garimpo estão encerradas, no quadro da “Operação Transparência” e que as autoridades têm o controlo das zonas que eram os grandes focos do garimpo na região.
O incidente, segundo o administrador municipal, veio chamar a atenção para a necessidade de se continuar a trabalhar, para desencorajar as tentativas dos cidadãos em promover a actividade ilícita de diamantes.
Localizada a 95 quilómetros da cidade do Dundo, a vila do Nzagi é considerada uma área preferencial de garimpo desenfreado por elementos que utilizam materiais rudimentares e até por grupos organizados com equipamentos semi-industriais, aproveitando-se das extensas áreas de exploração mineira encerradas pela antiga Companhia de Diamantes de Angola (DIAMANG), com o fim das minas clássicas, no início dos anos 70, do século passado.