A Violência Baseada no Género (VBG) é o problema mais importante dos direitos das mulheres que os angolanos querem que o governo e a sociedade abordem e muitos referem-se a ela como um problema comum nos seus lares e nas suas comunidades, de acordo com a última pesquisa do Afrobarometer.
A maioria dos cidadãos diz que nunca é justificado que os homens usem a força física para disciplinar as suas esposas, e que a violência de género é uma questão criminal que requer o envolvimento das autoridades policiais e não é um assunto pessoal que deve ser tratado em fórum familiar.
Entretanto, metade dos angolanos diz que é provável que uma mulher seja criticada, assediada ou envergonhada se denunciar às autoridades a violência baseada no género.
Dados
Segundo a pesquisa enviada ao Correio da Kianda, para a maioria dos angolanos (62%) a violência contra a mulher é um fenómeno “muito comum” de ocorrer na sua comunidade.
Mais de dois terços (69%) dos cidadãos consideram que “nunca é justificável” o homem usar força física para disciplinar a sua esposa. Dois em cada 10 consideram que “as vezes é justificável” (20%), enquanto (9%) dizem que é “sempre justificável”.
A rejeição da VBG é maior entre os mais escolarizados (83%), os residentes urbanos (76%) e as mulheres (73%).
Cerca de metade (49%) dos angolanos consideram “um pouco provável” ou “muito provável” que uma mulher que denuncie VBG seja criticada, assediada ou envergonhada por membros da comunidade.
A maioria (59%) dos cidadãos acredita ser plausível a polícia levar a sério as denúncias de casos de VBG.
Dois terços (67%) dos angolanos entende que a violência doméstica é um assunto de matéria criminal mais do que um assunto de fórum privado para ser resolvido em família.
Pesquisas
Afrobarometer é uma rede de pesquisa pan-africana e apartidária, que fornece dados confiáveis sobre experiências africanas e avaliações de democracia, governança e qualidade de vida. Oito rondas de pesquisas foram concluídas em 39 países desde 1999. As pesquisas da Ronda 9 (2021/2022) estão em andamento. O Afrobarometer realiza entrevistas face-a-face na língua da escolha do entrevistado, com uma amostra nacional representativa.
A equipa do Afrobarometer em Angola, liderada pela Ovilongwa – Estudos de Opinião Pública, entrevistou 1.200 angolanos adultos, entre 9 de Fevereiro e 8 de Março de 2022. Uma amostra deste tamanho produz resultados nacionais com uma margem de erro de +/- 3 pontos percentuais e um nível de confiança de 95%. A pesquisa anterior em Angola foi realizada em 2019.
Fonte: CK