A ausência de transparência nos empréstimos chineses aos países africanos contribuiu consideravelmente para a multiplicação de actos de corrupção no continente, incluindo Angola. A constatação é do Centro de Estudo para o Desenvolvimento Económico da África Austral (CEDESA), com sede em Lisboa.
Os especialistas do CEDESA justificam a análise pelo facto de os financiamentos chineses, na maioria das vezes, não passarem por processos de concurso público.
”O problema da denominada ‘dívida oculta’ surgiu quando a China deixou de emprestar aos governos centrais e a empresas estatais ou apoiadas pelo Estado. Estas dívidas não aparecem nos balanços financeiros do governo, embora frequentemente os governos sejam responsáveis por elas, caso o devedor oficial não seja capaz de pagar”, sublinha o CEDESA no documento.
Em relação a Angola, por exemplo, o CEDESA diz existirem várias “nuvens cinzentas” nos acordos e empréstimos com a China, recordando que a dívida em ”certa parte é polémica”, uma vez que, sublinha, ”houve uma utilização muito questionável dos empréstimos”.
”Parte dessa dívida foi destinada a infra-estruturas descartáveis, como estádios e estradas que hoje estão em condições precárias. Além disso, uma parcela significativa desses empréstimos acabou apropriada privadamente por dirigentes angolanos, prejudicando a economia do país”, destaca o CEDESA.
Fonte: CK