Lacunas na saúde, educação e habitação são apontadas, por angolanos, como as causas do aumento do êxodo para Portugal, nos últimos cinco anos.
Reacções aos últimos dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de Portugal, que apontam para 16.854 angolanos até 2017, indicam que muitos angolanos substituem os portugueses também em fuga, sobretudo no mundo da construção.
Asner Domingos é professor, treinador de futebol e profissional da construção civil, tem rendimentos de fazer inveja a milhares de cidadãos em Angola, mas optou por viver em Portugal.
“O ideal seria estar fixado num único ponto, mas … o processo de emigração é sempre por busca de alguma coisa melhor, no meu caso questões de saúde, também para os filhos, mas há também razões de segurança. Nos últimos anos, está de facto a crescer o número de angolanos em Portugal, onde se consegue alguma facilidade em termos da documentação que permite estar pela Europa”, revela Domingos.
A juventude é a franja que mais emigra para Portugal, onde Angola surge como o sexto país com mais cidadãos.
À Voz da América, o membro e um dos fundadores da Associação dos Angolanos em Portugal, Nelo Santos, refere que a luta por emprego na construção civil e na restauração continua visível, mas ressalta que está a nascer outra tendência.
“Até ao final deste ano, vejo claramente um aumento substancial deste número, até porque muitas pessoas se propõem substituir os cidadãos do país que vão para outras paragens. Há também várias nuances de emigrações, não podemos ver numa única perspectiva (obras), uns conseguem, com formação específica, nas áreas de informática, logística e transportes”, refere o líder associativo.
Em Benguela, a activista cívica Sara Paulo, da associação “Tchatokota”, que vai às comunidades abordar a proposta de Orçamento Geral do Estado OGE/2023 em prol da juventude, sublinha que não há novidade nos números da emigração.
“Outro factor foi que uma boa parte da juventude acreditou na alternância em 2022, há quem já não acredite no MPLA. Os jovens querem emigrar para mudar o rumo das suas vidas, não há emprego, habitação, lazer e falta segurança”, salienta Sara, acrescentando que “muitos viram os seus parentes morrer por doenças que podiam ter sido tratadas, o país está mal no seu todo”.
Fonte: AN