EUA: Campanha eleitoral de Joe Biden ameaçada por processo de destituição condenado ao fracasso
O Presidente dos EUA viu, na tarde de terça-feira, o líder dos Republicanos na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, anunciar o arranque de um inquérito no Congresso para justificar a sua destituição – “impeachment” -, sabendo de antemão que este não passa pela maioria Democrata no Senado mas tem tudo para ser um prego no seu sapato na caminhada eleitoral que se aproxima para as eleições de Novembro de 2024.
Joe Biden sabe igualmente que os Republicanos de Donald Trump também sabem da inutilidade processual desta iniciativa mas que isso é o menos importante, porque o objectivo é equilibrar o poderio de fogo no campo de batalha eleitoral onde o ex-Presidente deverá ser a cara no boletim de voto contra o actual inquilino da Casa Branca e tem à ilharga vários casos em tribunal que podem ser pedras no caminho de regresso ao poder.
Para já, Trump está a tirar proveito dos processos que correm contra ele nos tribunais, nomeadamente o de guarda de documentos secretos na sua casa privada e de assédio sexual a várias mulheres, mas com o andar da luta eleitoral tudo pode mudar de um momento para o outro e este “impeachement” a Joe Biden pode vir a ser útil para equilibrar o terreno de jogo.
Biden tem sobre si como pêndulo de morte as suspeitas de envolvimento, suas e da sua família, especialmente o seu filho, Hunter Biden, em esquemas de corrupção que remontam à sua condição de vice-Presidente de Barack Obama, entre 2009 e 2017, e quando o seu primogénito era quadro da empresa ucraniana de gás, Burisma, que terá, segundo especulações republicanas, pago vários milhões de dólares a um e a outro para exercerem influência no decurso de negócios.
Um dos pontos fortes de Biden é que nunca foi mostrada qualquer evidência das imputações que lhe são atiradas para cima, mas tem igualmente contra o anúncio de uma testemunha de alegado alto valor, por identificar, que já terá sido ouvida pelo FBI e pelo Congresso, que será a “chama” para o fogo das suspeitas em que está há anos envolvido.
Kevin McCarthy, claramente pressionado pelo grupo de indefectíveis de Trump no Congresso, pediu formalmente a criação de uma comissão da Câmara para formalizar um inquérito de destituição” de Joe Biden, avançando que este “mentiu” ao Congresso e ao povo sobre os negócios ilícitos do seu filho no estrangeiro.
Hunter Biden é actualmente o grande trunfo dos republicanos por causa das suspeitas dos seus negócios fora do país, especialmente na Ucrânia, aproveitando a influência do seu ai, que era então vice-Presidente dos EUA.
Na resposta, Biden mandou os seus assessores dizer que este processo não faz sentido nenhum porque decorrem investigações há quase uma década e nunca foi encontrado um elemento que seja que perita dar sustentação às alegações e muito longe de ter corpo para responder à exigência da Constituição para o impeachment que é a traição provada, corrupção sem dúvidas e um leque de crimes de extrema gravidade devidamente qualificados no texto constitucional.
Em pano de fundo, é sobejamente claro entre os eleitores norte-americanos que estes processos, que foram tentados em diversos Presidentes, Andrew Johnson em 1868, Bill Clinton em 1998, e Donald Trump em 2019 e 2021, sem que algum deles tenha sido efectivamente destituído, servem em primeiro luar como arma de arremesso para a luta política e têm mais utilidade durante as pré-campanha eleitorais, como é o caso.
Fonte: NJ