As infra-estruturas de apoio ao Corredor do Lobito, implantadas no Porto daquela cidade, na província de Benguela, foram visitadas, na última terça-feira, pelo embaixador do Reino de Espanha.
Manuel María Lejarreta Lobo recebeu, na ocasião, explicações sobre o desenvolvimento do Corredor do Lobito, que está enquadrado numa das linhas de prioridades do Executivo angolano no domínio dos transportes ferroviários e portuários, que visam transformar o espaço numa importante opção de transportes para o acesso a países como a República Democrática do Congo (RDC) e a Zâmbia.
O diplomata espanhol assistiu ao vídeo institucional, onde obteve, entre outras, informações da localização geográfica do Porto do Lobito, segurança portuária, infra-estruturas, recursos humanos e a certificação ISPS (Código Internacional para a Protecção de Navios e Instalações Portuárias).
Manuel Lejarreta lembrou que, recentemente, os Reis de Espanha visitaram Angola no quadro das boas relações existentes entre os Estados e que serviu para o reforço da amizade entre os dois povos. Reconheceu haver boas perspectivas para que a Espanha venha a investir mais em Angola, apesar dos constrangimentos criados pela Covid-19, um fenómeno já ultrapassado, pelo que novos programas entre os Estados poderão ser dinamizados.
De acordo com o embaixador, um total de 40 empresas espanholas opera, neste momento, em Angola.
Visão do Porto do Lobito
Por sua vez, o presidente do Conselho de Administração do Porto do Lobito, Celso Rosas, manifestou plena satisfação com a visita.
“É sempre bom receber eminentes figuras da política internacional. Acreditamos que há muito por se fazer aqui, sobretudo no domínio da formação. Nisso, podemos buscar peritos espanhóis com experiência de gestão portuária e não só e cá em Angola transmitirem os conhecimentos para melhoria da nossa performance e assim podermos enfrentar os novos desafios, em particular com o Corredor do Lobito”, afirmou.
Segundo adiantou Celso Rosas, ainda no decurso deste primeiro semestre do ano, irá concretizar-se a entrada em funcionamento do consórcio que vai explorar alguns activos do Corredor do Lobito.
“Teremos uma nova realidade, em que a nossa condição de Porto senhorio vai se fazer sentir, embora ainda de forma híbrida, porque continuaremos a operar noutros terminais”, explicou.
O gestor portuário explicou que para estas tarefas se está a preparar um conjunto de acções preliminares, como documentos, infra-estruturas, trabalhadores e os trabalhos que, previamente, devem ser levados a cabo à luz do contrato.
Corredor do Lobito
O Corredor do Lobito é uma infra-estrutura transcontinental, que vai ligar vários países de África e contribui, através do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB), para a concretização da integração económica do continente.
O Corredor do Lobito apresenta uma rota estratégica alternativa para os mercados de exportação da Zâmbia e da RDC e oferece a rota mais curta que liga as principais regiões mineiras destes dois países ao mar.
Em Angola, o Corredor liga 40 por cento da população do país e estão a decorrer vários investimentos de grande envergadura na agricultura e comércio nas províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico.
Consórcio entra em operações ainda no 1º semestre
O Consórcio para a gestão do Corredor do Lobito está constituído pela Trafigura, Vecturis e a Mota Engil, cuja concessão de 30 anos foi atribuída por concurso internacional e por um prémio de 100 milhões de dólares.
A infra-estrutura prevê transportar, nos primeiros 5 anos, três milhões de toneladas de carga diversa, aumentando para 10 milhões em 10 anos de actividade.
Tem disponíveis 500 milhões de dólares norte-americanos para investir em todo o activo concedido, vai assumir a exploração e manutenção dos transportes ferroviários de mercadorias, bem como da conservação e preservação de todas as infra-estruturas existentes ao longo do corredor.
O contrato de concessão do Corredor do Lobito, por um período de 30 anos, entre o Ministério dos Transportes e o consórcio, é um marco relevante para o desenvolvimento e optimização do sector.
Com o instrumento de governação do corredor criará um quadro para os três Estados-membros da SADC desenvolverem, conjuntamente, leis, políticas, regulamentos e sistemas de corredores harmonizados, incluindo o desenvolvimento de infra-estruturas de forma coordenada e coerente, alinhada com os “Tratados da SADC”, Protocolos e quadros de desenvolvimento, como é o Plano Indicativo de Desenvolvimento Estratégico Regional 2020-2030.
O Corredor do Lobito, que parte na província de Benguela, visa beneficiar uma população estimada 140 milhões de habitantes, mais de 40 por cento da população de toda a sub-região do continente, com a capacidade de impulsionar o Produto Interno Bruto (PIB) global de Angola, RDC e Zâmbia em 177 mil milhões de dólares norte-americanos, o que corresponde a 25 por cento de todos os Estados-membros da África Austral, que formam o bloco SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral).
Desde o início deste ano, visitaram já o Porto do Lobito delegações norte-americanas, da União Europeia, o Presidente da Zâmbia e vários diplomatas, como foi o recente caso do embaixador de Espanha, Manuel María Lejarreta Lobo.
Fonte: JA