O porta-voz do comando provincial da Polícia em Benguela, superintendente Ernesto Tchiwale, assegurou que vão ser suspensos alguns agentes, por alegada negação de assistência a um cidadão que estaria a ser atacado por meliantes na sua residência
Rezam os factos que, na madrugada da última Quarta-feira, 11, um agente de uma empresa de segurança foi assaltado na sua residência por meliantes munidos de armas de fogo e objectos corto-perfurantes (faca e catana), no bairro dos 70. Os meliantes invadiram a casa e subtraíram dinheiro, roupa e a sua farda de trabalho.
A vítima e esposa, que por pouco seria violada sexualmente, conseguiram fugir dos meliantes e dirigiram-se à 2ª Esquadra da Polícia para pedir socorro, onde orientou que fossem à sua casa, mas um dos agentes disse que, por aquelas horas, não mais encontrariam os meliantes, um procedimento considerado de negação de assistência policial. “Eram 2h59, deixamos a casa aberta, e fomos à 2ª Esquadra.
Chegamos lá, falamos com o oficial/dia. Mandou os patrulheiros irem comigo até a casa e um deles disse assim: isso é bom às 6 horas, se calhar já estão foragidos. Com aquele medo, eu e a esposa ficamos aí até às 4h50, altura em que saímos (sem a Polícia). Quando chegamos em casa, os marginais continuavam no quintal”, contou. De acordo com Ezequiel (a vítima), “eu me encontro com um grandalhão com uma pistola na mão. E, depois, havia mais três, outro com um facão, outro com uma catana e eles me disseram assim: queremos o dinheiro, a vossa empresa já pagou, e dá o cartão multicaixa. Eu tirei a carteira e dei. Eles: Ah, vocês não ganham no BAI, é BIC.
Como é que eles sabiam?”, questionou-se, e diz ter sido jogado atirado a uma vala, onde por pouco, conforme disse, teria perdido a vida. O porta-voz do comando provincial da Polícia Nacional, superintendente-chefe Ernesto Tchiwale, lamenta o mau-procedimento dos efectivos e, garante, por conta disso, eles arriscam-se a um processo disciplinar, por não terem atendido ao cidadão que, aflito, acorreu à esquadra na esperança de obter deles um auxílio.
Segundo o porta-voz da Polícia Nacional, a julgar pelas declarações da vítima, os agentes em serviço terão cometido erros graves e vão ser responsabilizados por essa alegada infracção. “Os nossos colegas faltaram ao procedimento policial a que cada um de nós é chamado a desenvolver em socorro do cidadão. Asssim sendo, o comandante municipal também já está ao corrente desta situação e já vão desenvolvendo diligências para poder aferir a mesma que, ao se confirmar, os nossos colegas vão responder a um processo disciplinar, se não se verificar um outro tipo de infracção”, assegura.
Tchiwale lembra que não se pode negar protecção policial a um cidadão. Em condições normais, sustenta, aos agentes em serviço caberia dirigir-se à residência do cidadão para, a partir do local dos acontecimentos criminais, poder tirar as melhores ilações em relação ao que efectivamente tenha acontecido. “Colher os vestígios que teriam ficado lá no local do crime e desenvolver diligências, com vista a identificação e detenção dos presumíveis autores”, refere o porta-voz, que assegura estarem em curso diligências para a localização dos meliantes em causa.
Fonte: OPAÍS