O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) vai realizar, no dia 17 deste mês, pela primeira vez na história de Angola, uma marcha de repúdio em protesto contra os assaltos e ameaças contra a sede do sindicato e vários jornalistas. O anúncio foi feito esta segunda-feira, 05, pelo secretário-geral do SJA, Teixeira Cândido, que considerou que a classe “está a ser atacada”.
A sede do SJA voltou a ser assaltada no sábado, dia 03, pela segunda vez numa semana. Elementos desconhecidos voltaram a levar consigo a unidade central de processamento (CPU) do computador principal, que já tinha sido furtada, e devolvida dias depois, juntamente com várias mensagens de ameaça ao secretário-geral do sindicato.
Segundo o líder do SJA, em finais de Novembro a sede do SJA foi invadida por elementos não identificados, que, deixando tudo o resto para trás, levaram apenas a CPU do computador principal.
De acto similar foram alvo os jornalistas João Armando, director do Jornal Expansão, e Raquel Rio, correspondente da agência Lusa, em Luanda.
Segundo Teixeira Cândido, horas depois de a CPU ter sido deixada à porta do sindicato, o líder sindical recebeu uma mensagem de ameaças, por escrito no seu telemóvel: “Viste o aviso que te deixámos?”.
Polo facto de vários colegas receberem ameaças e estarem a levar apenas os computadores dos jornalistas, prosseguiu Teixeira Cândido, o SJA entende que a classe está sob ataque.
“Estamos a ser atacados”, afirmou, acrescentando que a iniciativa ainda não foi comunicada às autoridades, pois, “de acordo com lei que regula as manifestações e reuniões, as autoridades apenas devem ser comunicadas três dias antes”.
Segundo Teixeira Cândido, a marcha será realizado no dia 17 para não colidir com as marchas agendadas para este sábado, dia 10.
“Não vamos negligenciar isto. É de facto um ataque aos jornalistas e não ao sindicato. Quem assalta os computadores dos jornalistas não quer brincar, mas sim ameaçar-nos”, disse.
Já Reginaldo Silva, membro da Entidade Reguladora de Comunicação Social (ERCA), salientou que para além desta violência directa, tentam condicionar o trabalho dos jornalistas.
Quanto aos assaltos na sede do sindicato, segundo Teixeira Cândido, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) assegurou que já está a investigar o caso.
“Estão a atacar-nos para destruírem os canais independentes. Porque os canais públicos (do Estado) crescem, disse.
O Sindicato dos Jornalistas Angolanos é uma associação profissional apolítica, apartidária, sem fins lucrativos e de defesa dos empregos e da liberdade de expressão dos seus associados. Foi fundado em 1992.
Fonte: NJ