Pode o líder da UNITA aprender algo com o candidato presidencial moçambicano Venâncio Mondlane? O debate está instalado em Angola e as opiniões dividem-se.
Venâncio Mondlane tem movido multidões em Moçambique, tanto nas redes sociais, como nas ruas. O candidato presidencial, apoiado pelo partido PODEMOS, tem sido descrito como um fenómeno nas eleições gerais moçambicanas de 9 de outubro.
A atualidade moçambicana não passou ao lado em Angola, tendo-se instalado o debate sobre se o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, pode ou não aprender com Venâncio Mondlane em matéria de luta pelos direitos dos eleitores e contra a fraude eleitoral.
“Grande mestre de Mondlane foi Azagaia”
À DW, “Xitu Milongu Ya Xitu”, músico de intervenção social, diz que “o grande professor e mestre de Venâncio Mondlane foi Azagaia.”
O artista angolano aconselhou, recentemente, Venâncio Mondlane a “não se meter” sequer com o líder do maior partido da oposição em Angola, Adalberto Costa Júnior, porque não teria nada a aprender.
Na altura, o deputado da UNITA, Nuno Dala, comentou nas redes sociais que “muito do que [Mondlane] está a aplicar em Moçambique recebeu de Adalberto Costa Júnior”.
Mas Milongu Ya Xitu não concorda: “É uma conversa de seguidores, de clube de fãs de Adalberto Costa Júnior. Como é que alguém que não teve a coragem de tomar certas posições vai instruir alguém a fazer o que ele não teve, não tem, nem nunca terá coragem de fazer?”, questiona.
Para o músico de intervenção social, é Adalberto Costa Júnior que tem de aprender com Venâncio Mondlane no capítulo da contestação social e não o contrário.
Adalberto Costa Júnior: “Mister Serenidade”
Já Nuno Dala acredita que as duas figuras podem ser comparadas e um pode aprender com o outro. “Diante da fraude eleitoral, [Adalberto Costa Júnior] optou pela via da moderação, pela luta junto das instituições, para que a verdade eleitoral fosse reposta, mas sem sucesso”, lembra.
É por causa dessa “moderação” que, desde as eleições gerais de 2022, o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, é chamado de “Mister Serenidade”.
O ativista Kim de Andrade, crítico da oposição angolana e defensor do candidato presidencial moçambicano, explica o que os líderes opositores de Angola deviam aprender com Mondlane.
“Venâncio Mondlane veio provar aos angolanos que a oposição angolana não teve um posicionamento correto do ponto de vista de uma liderança exemplar; de uma liderança capaz de ir até as últimas consequências na defesa dos seus eleitores”, disse.
Fonte: DW