UNITA e FLEC exortam Governo de Angola a dialogar

O Governo de Angola deve aceitar o apelo de paz lançado pela Frente para a Libertação do Estado de Cabinda (FLEC/FAC) com o cessar-fogo unilateral em vigor até 14 de junho, no âmbito dos “esforços contínuos” para promover a estabilidade na região da África Central. A exortação é feita por Júlio Muehombo, membro do Bureau Executivo da União Nacional para a Independência de Angola (UNITA), que falava esta quarta-feira (30.04) numa conferência de imprensa em Bruxelas, na Bélgica.
O principal partido da oposição apela ao “espírito de abertura” por parte do Governo angolano para negociações com vista a se discutir o futuro do povo de Cabinda, enclave rico em petróleo para o qual propõe o estatuto de região autónoma. O apelo é reforçado pelo porta-voz da FLEC-FAC, Jean-Claude Nzita, que pede o engajamento e a boa vontade do Presidente João Lourenço, na qualidade de campeão da paz da União Africana.
“Cabinda é nosso território” (…). “Lutamos pelo direito à autodeterminação do povo cabindês” (…). “Somos pela paz” (…). “Estamos prontos para negociar”. São palavras proferidas por Jean-Claude Nzita na referida conferência de imprensa, que decorreu nas instalações da Press Club TV na capital belga.
“Os cabindenses querem a paz. Ninguém em Cabinda quer a guerra. Mas o Governo de Angola não quer negociar. O Presidente João Lourenço diz-se ‘campeão da paz’. E, para nós, diante da comunidade internacional, diante da União Europeia, este slogan deve ser traduzido na prática”, afirmou Nzita.
A 14 de abril de 2025, num gesto de apaziguamento, a FLEC-FAC declarou um cessar-fogo unilateral de dois meses em apoio à proposta de diálogo apresentada pela União Nacional para a Independência de Angola (UNITA). Entretanto, Jean-Claude Nzita critica com tristeza as manipulações do Governo de João Lourenço, sobretudo as ações dos serviços de informação no enclave situado a norte de Angola.
“Com este método não vai terminar a guerra no território de Cabinda. Angola jamais ganhará a guerra”, disse o porta-voz da FLEC-FAC, reforçando a disponibilidade da Frente para o diálogo. “Nós estamos prontos a dialogar. Pedimos uma vez mais ao Presidente João Lourenço, na sua qualidade de presidente da União Africana (UA), para resolver pacificamente a questão de Cabinda sem manipulação”.
Nzita entende que a iniciativa de paz não deveria sair apenas da Europa ou da América. Motivo para felicitar a iniciativa da UNITA, deixando para o passado o Acordo de Alvor e o estatuto de antigo protetorado português. “50 anos de guerra de agressão ao povo de Cabinda não vão resolver o problema”, sublinha Nzita.
Fonte: DW