
O ano de 2024fica marcado como período com o Stock de investimento Directo Estrangeiro mais baixo desde que há registos. Longe vão os tempos em que investimento estrangeiro no Páis era superior a 40 mil milhões USD, como se registou em 1012. O fosso entre investimento Estrangeiro em Angola e investimento angolano no estrangeiro está cada vez menor.
O stock de Investimento Directo Estrangeiro (IDE) em Angola afundou 60% nos últimos 10 anos, ao passar de 32.311,6 milhões USD em 2015 para 12.142,5 milhões USD em 2024, o que significa que nos últimos 10 anos os estrangeiros desinvestiram 20.304,9 milhões USD no País, de acordo com cálculos do Expansão com base nas estatísticas externas do Banco Nacional de Angola (BNA). E a culpa é do suspeito de costume, o petróleo, já que sector representa 95% do IDE no País.
O desinvestimento dos estrangeiros em Angola não é de agora. Longe vão os tempos em que o stock de Investimento Directo Estrangeiro no País era superior a 40 mil milhões USD, como se registou em 2012 (foram 41.810,6 milhões USD). Assim, 2024 fica marcado como o ano com o registo do stock de investimento estrangeiro mais baixo desde que há registos.
As estatísticas do banco central são meramente analíticas e não revelam a que se deve essa queda, mas estará relacionada com a política de desinvestimento que durou durante vários anos no sector do oil & gas nacional, o que contribuiu para o declínio da produção petrolífera do País, já que a queda natural da produção que resulta do envelhecimento dos poços não está a ser compensada pela entrada em produção de novos investimentos, o que acabou por cortar em mais de 700 mil barris por dia à produção nacional entre 2016 e 2024.
Tal como entende o economista Heitor Carvalho, “o cenário é preocupante, mas era esperado”. “Nós não atraímos investimento não-petrolífero e o petróleo está em fim de vida, excepto se a política de Trump reverter as preocupações climáticas a tal ponto que o investimento no nosso petróleo se torne novamente atractivo”.
Assim, segundo Heitor Carvalho, há muito que o investimento petrolífero é negativo, embora, nesta fase, pouco mais reste de investimento petrolífero para expatriar. “Creio que o stock de IDE se manterá estável entre 8 e 12 mil milhões USD, se não houver alterações significativas do ambiente geral”, apontou.
E os efeitos da queda do IDE nos petróleos foram sentidos no Produto Interno Bruto (PIB), uma vez que o investimento é uma componente indispensável no cálculo do PIB. Desde 2014, aquele que foi o ano em que o PIB em dólares atingiu o valor mais alto de sempre, a economia nacional tem sofrido vários revés, quase todos eles directa, ou indirectamente, atribuídos ao petróleo. Naquele ano, o País produziu em média 1,661 milhões de barris de petróleo por dia, enquanto em 2024 a média foi de 1,128 milhões de barris diários. Contas feitas, foram menos 533 mil barris por dia, o que dá menos 194,5 milhões de barris por ano, o que afectou o PIB nacional e a economia no seu todo.
O investimento dos estrangeiros em Angola é feito por duas vias: o Investimento Directo, que pressupõe investimento em empresas, e o Investimento em Carteira, que é a aplicação feita por não residentes em valores mobiliários, por exemplo obrigações do tesouro, e também pode ser investimento em empresas desde que seja com a aquisição de menos de 10% do capital social dessa empresa. Entretanto, as estatísticas do banco central “arrumam” o Investimento Directo em dois tipos de investimentos: “Fundos de acções de capital e de investimento” e em “Instrumentos de dívida”, com este último a, aparentemente, entrar no campo do que é o Investimento em Carteira.
Ao que o Expansão apurou, uma boa parte destes “Instrumentos de dívida” tratam-se de empréstimos feitos pelas casas- -mãe a algumas petrolíferas que, por esta via, fazem investimento sobre a forma de dívida nas suas subsidiárias que estão em Angola.
Assim, os investimentos em novas acções de capital e de investimento caíram 56% desde 2015, ao passar de 26.014,5 milhões USD para 11.383,5 milhões Kz em 2024, menos 14.631,0 milhões USD. Já os investimentos feitos em instrumentos da dívida, os tais empréstimos das casas-mãe às filiais, afundaram 90% para 623,2 milhões USD, face aos 6.297,1 milhões USD contabilizados em 2015. Ou seja, encolheram 5.673,8 milhões USD.
Fonte: Expansão