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Serviços do Angosat-2 comercializados com preços abaixo da região da SADC

A comercialização dos serviços do satélite Angosat-2, aberta, ontem, tem disponível duas linhas com preços que variam, ao equivalente em kwanzas, entre os 750 e 1.300 dólares, considerados pela entidade gestora abaixo das tarifas praticadas na África Austral.

Durante a cerimónia de abertura oficial dos serviços do satélite, presidida pelo ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira, o director-geral do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), Zolana João, avançou que, para a Banda C, o valor varia de 750 para 900 dólares, o Megahertz, ao passo que para a Banda K-U, os preços vão dos 1000 a 1.300 dólares, o bits por segundo.

Ao fazer uma abordagem sobre o desempenho e as características técnicas do Angosat-2, o engenheiro deixou claro que antes de avançarem para o estabelecimento dos preços, o Gabinete desenvolveu um estudo de mercado que teve como base as tarifas praticadas ao nível do continente africano, num aturado trabalho que envolveu empresas experimentadas.

Na cerimónia de lançamento para a comercialização dos serviços do satélite, que teve lugar no Instituto Angolano das Comunicações (INACOM), Zolana João referiu que, por meio deste estudo, foi possível encontrar uma “janela com deltas”.

Na Banda K-U, o modelo é diferente por existirem condicionantes do ponto de vista de equipamentos em terra. Salientou que os preços serão avaliados em função dos negócios com os operadores.

A região da SADC, composta por 16 Estados-membros, referiu, está integrada na estratégia de comercialização como o maior mercado dos serviços do Angosat-2. “Angola só precisa de quatro bimes, e vamos vender o resto para esses países”, aclarou.

Para aquisição dos serviços, foram dados uma série de passos, a começar pelo Decreto Presidencial que autoriza a exploração do satélite, seguida da indicação do Gabinete de Gestão como entidade responsável para sua comercialização.

Está já disponível desde ontem, a fim de apoiar os operadores nessa matéria, um departamento comercial para lidar com todos os aspectos ligados à sua comercialização.

O Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional, frisou, trabalhou, igualmente, com o INACOM para a elaboração dos preços e respectivos contratos. “Fez-se um trabalho muito árduo para se chegar à média de preços do continente, onde foram encontrados preços razoáveis”.

“Essas tarifas serão aplicadas mediante as necessidades de cada um dos operadores, porque o business case varia. Em relação a isso, sublinhou, “é possível garantir uma disponibilidade de 99,9 por cento dos serviços do Angosat-2”, explicou.

Um mercado apetecível

O engenheiro referiu que os mercados dos satélites continuam a ser apetecíveis, principalmente no continente africano, onde se estima que em 2050 será um dos mais populosos do mundo.

A este propósito, o director–geral do GGPEN sossegou que para fazer face a esses desafios do futuro, os operadores tradicionais têm estado a trabalhar em planos estratégicos há anos para tomarem conta desta fatia do mercado, considerando-a “extremamente significativa”.

 O Satélite foi construído para ser competitivo a nível do mercado internacional

A título de exemplo, Zolana João disse que um dos maiores especialistas de dados da Indústria Espacial de África (Spacy África) estima que a “SS” facturou, no continente, cerca 300 milhões de dólares, entre 2020 e 2021. A Economia Espacial tem estado a crescer e vai se tornando muito competitiva.

“Vamos ter uma competição séria, onde vamos competir com grandes gigantes. Hoje só falamos de transformação digital, revolução digital e quarta revolução industrial”, enfatizou, adiantando que não é possível fazer nada disso sem conectividade.

Acrescentou: “Há vários anos que os números mostram que África investe biliões de dólares, mas ainda assim é o continente menos conectado do mundo”. Os satélites como o Angosat-2 e o esforço gigantesco do Executivo vão ajudar a responder a algumas preocupações da ITIU, no âmbito das Nações Unidas e da União Africana.

O director-geral do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), Zolana João, recordou que com a colocação em órbita do Angosat-2 foi possível poupar quase 85 por cento de combustível. “Se continuarmos assim, a nível de operação, vamos estender o tempo de vida do satélite, que, dentro do contexto operacional, é uma das grandes condicionantes”.

Hoje temos dificuldades de chegar às zonas rurais porque o Capex não compensa, tal como os esforços que os operadores têm desenvolvido, pontualizou.

A Banda C, com distinção para K-1, prosseguiu, é um bime homogéneo que cobre toda África e parte Sul da Europa. “Infelizmente com isto também se perde potência. No HTS os Bimis foram redimensionados para cobrir um terço do território nacional, cerca de 300 quilómetros de raio, o que contribuiu para melhor potência, sinal, maior eficiência e competição”, frisou o especialista.

Reedifinição das Bandas de Frequência

Durante oito anos, disse Zolana João, o Gabinete trabalhou com o INACOM incansavelmente para se redefinir a capacidade das bandas de frequência do Angosat-2.

Em 2018, sob coordenação de Mário Oliveira, na altura secretário de Estado das Telecomunicações, realizou-se, também, um trabalho técnico para se reverter a tendência das bandas de frequência.

O Angosat-1 tinha 16 transponders da Banda C e apenas seis na Banda KU. Em 2018, os operadores já discutiam como é que a indústria móvel e os operadores podiam negociar a Banda de Expectro da Banda C.

“Hoje temos apenas 432 megahertz na Banda C, o que corresponde a seis transponders. Conseguimos com sucesso proteger dois transponders do Angosat-2, para uso doméstico, e seis para prover serviços às bandas de cobertura sem interferências.

Neste momento, temos em cada transponder 72 megahertz, que do ponto de vista de gestão é muito bom para um cliente que vai aderir ao transponder, porque, normalmente, a tendência tem sido 36 megahertz e nós temos 72”, realçou. Referiu que estão disponíveis, também, 24 feixes da Banda K-U, que permite, em transmissão, um total de 16 gigabytes por segundo, dependendo das configurações em terra e no espaço, assim como o EIRP continua com 5.5 dB watts.

Pequenos empresários com mercado competitivo

Em declarações à imprensa, a directora adjunta do GGPEN, Vânia Pereira, disse que o arranque do processo de comercialização se traduz em oportunidade para as pequenas empresas criarem os próprios negócios e com preços mais competitivos no mercado.

“Quem estiver interessado, por exemplo, em criar pequenas empresas como Cybers, pode adquirir pequenos kits versáteis e deslocar-se para as zonas recônditas, onde não há comunicação ou os operadores de grande porte não conseguem lá estar.

Assim, os interessados terão a oportunidade de levar e instalar, onde quiserem, uma pequena infra-estrutura como cybers, e prover os serviços nesses lugares.

Questionada sobre as modalidades de selecção, Vânia Pereira disse que há uma direcção sob coordenação do GGPEN para receber todos os operadores nacionais e internacionais e prestar o devido apoio. “Pretendemos aproveitar as valências dos operadores que podem dar maior apoio para levar estes serviços a outros países, com uso de infra-estruturas como o Cabo de Fibra Óptica, e, automaticamente, se tornarem o elo para conectividade”, frisou.

Fonte: JA

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