Mais de três mil sapadores de minas ligados à Casa Militar do Presidente da República, na província do Kuando Kubango, estão há de três anos sem salários e pedem a intervenção urgente da presidente da Assembleia Nacional para a resolução do caso, depois de ter falhado o pedido de ajuda ao Presidente da República.
+Depois de terem enviado a Luanda uma delegação para um encontro com o Presidente da República, João Lourenço, que não aconteceu, em busca de uma saída desta “situação muito complicada”, estes trabalhadores da Casa Militar escreveram à presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, para defender o assunto junto das instituições competentes.
“Pelos direitos e a Lei geral do Trabalho que nos caracteriza como cidadão, sua excelência presidente da Assembleia Nacional e deputados, pedimos a vossa máxima atenção sobre a nossa situação. Temos passado uma situação difícil que ocorre desde Julho de 2021, altura em que um alegado cadastramento nos retirou do regime remuneratório para a condição dos esquecidos”, lê-se carta dos trabalhadores da Casa Militar.
“Passámos meses e anos sem dinheiro para suprir a família na questão de sustentabilidade da saúde, alimentação e escola para com os nossos filhos. Que estes, inocentemente pagam um crime sem origem que nunca conheceram desde sua nascença”, lamentam os trabalhadores que consideram que “a situação já se prolonga há três anos, sob o olhar impávido do ministro de Estado da Casa Militar do Presidente da República”, Francisco Pereira Furtado.
Face à demora na resolução deste problema, os trabalhadores da Casa Militar do Presidente da República, na província do Kuando Kubango, pedem à presidente da Assembleia Nacional que envie uma comissão de inquérito para no terreno constatar a real situação que abala estes funcionários.
“Se de Cabinda ao Cunene há um só povo e uma só Nação, então que haja uma justiça clara e breve. Não só as unidades e brigadas de Luanda devem merecer salários mensais”, acrescenta a carta.
Segundo a carta, graças à intervenção dos sapadores, muitos municípios, estradas, unidades de produção (…), pátios das escolas e postos de saúde estão livre de minas.
Refira-se que o batalhão da Casa Militar da Presidência da República na província do Kuando Kubango foi extinto na sequência de um escândalo de corrupção que envolveu o major Pedro Lussati, condenado a 14 anos de prisão por peculato e branqueamento de capitais.
Neste processo, segundo o Executivo, o Estado angolano foi lesado em mais de 167 mil milhões de Kwanzas, num esquema fraudulento que envolve a extinta unidade da Casa Militar do Kuando Kubango, de 2003 a 2021, e os valores eram retirados dos cofres do Estado, através de pagamentos de salários a trabalhadores fantasma, e aquisição de logística para os efectivos.
Na carta enviada à presidente da Assembleia Nacional, os trabalhadores dizem que são simples sapadores e não têm nada a ver com o escândalo do caso Lussaty.
Fonte: NJ