Sábado, Julho 27, 2024
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Petro: FAF exagerou na punição mas clube não deverá cumprir suspensão de dois anos

Alguns analistas desportivos consideram exagerada a medida aplicada aos clubes punidos pelo Conselho de Disciplina da Federação Angolana de Futebol (FAF), com particular realce para o Petro de Luanda, suspenso por dois anos.

São muitas as dúvidas de que o Petro ficará suspenso nesse período pelo facto de existirem já movimentações políticas para que a FAF reverta a decisão que aplicou, mas os mesmos analistas salientam que caso a posição seja mantida, o Petro tem poucas hipóteses de reverter a situação pelo facto do órgão reitor do futebol angolano aplicar a punição da FIFA.

A suspensão do Petro de Luanda por dois anos de todas as actividades desportiva no País por incumprimento de colaboração num áudio de suposta corrupção desportiva, levou o Comité da Superliga Africana de Futebol a condicionar já participação nesta primeira edição.

Em declarações à imprensa, dois analistas desportivos com créditos firmados, que solicitaram anonimato, disseram que o Petro de Luanda, campeão nacional e representante angolano na Superliga, após a suspensão, também tem poucas hipóteses de participar da Liga dos Campeões Africano pelo facto de a FAF já ter comunicado à Confederação Africana de Futebol (CAF), da sua suspensão do clube em todas as competições interna.

Conforme estes analistas, que também são juristas, o comunicado oficial da FAF condena o Petro de Luanda e Académica do Lobito nas competições da CAF, visto que os argumentos apresentados pelo Conselho de Disciplina dão poucas hipóteses aos dois clubes de convenceram a CAF e FIFA, visto que a FAF usou como base a Lei da FIFA.

Segundo estes analistas, caso a luta for por está via, o Petro poderá perder visto a federação ser membro da FIFA e os regulamentos desta instituição mundial provam tal suspensão nos fundamentos que a FAF explica e fundamenta.

No entanto, salientam, que tal medida mancha o futebol angolano e argumentam que a decisão é mais escandalosa que o próprio áudio, divulgado do mês de Julho, nas redes socias, e que apontam para a ocorrência de um pagamento, feito pelo Petro à Académica do Lobito como incentivo para vencer o 1.º de Agosto.

O áudio compromete também o clube Kabuscorp do Palanca e o seu presidente Bento Kangamba, assim como o treinador da Académica do Lobito, Agostinho Tramagal, que afirma no áudio ter recebido três milhões de kwanzas como suborno.

Conforme estes analistas, houve má-fé da FAF em penalizar o Petro por não estar formalmente provado o envolvimento directo deste clube na “escândalo” de corrupção à Académica do Lobito.

“O comunicado é bastante pesado, mas não está fundamentado que houve corrupção de A ou de B, embora haja corrupção no futebol em todo o mundo, mas condenar um clube na dimensão do Petro de Luanda por hipóteses é uma aberração e aí faltou cuidado da FAF”, disseram ainda estes analistas, argumentando que o recurso do Petro de Luanda deve ser a própria FAF e não aos tribunais civis, porque a FIFA não permite envolvimento destas instituições no desporto.

“Daí a razão para as poucas hipóteses para o Petro caso o Conselho de Disciplina considerar improcedente o recurso com base na Lei da FIFA. Agora, internamente, admito que houve má-fé da FAF em prejudicar a equipa do Petro por não provar o seu envolvimento no assunto. E fundamenta que obstruiu as investigações, e nisso o Petro perde”, contaram.

Paulo Tomás, comentarista desportivo da Rádio 5, disse, no espaço “terceiro tempo”, daquela estação emissora, que o comunicado da FAF “matou” o futebol angolano por ser exagerado.

Segundo este comentarista, que encorajou Conselho de Disciplina a prosseguir com as investigações, a FAF pecou ao prejudicar as instituições e não as pessoas.

“Em Portugal há também áudios comprometedores envolvendo equipas grandes, mas nunca vimos o Benfica ou o Sporting a serem suspensos. Houve na UEFA escândalo de corrupção, mas ninguém fechou as portas da UEFA. Michel Platini, ex-presidente, responde a título individual no processo. Por cá, entre nós, não há o bom senso?”, interrogou-se.

“A FAF quer dar show e procurou palco. Angola inteira mobilizou-se para o sorteio do Girabola e estava expectante para o seu arranque. Na sexta-feira, às 18:00, a FAF fez sair o comunicado não dando sequer a possibilidade aos clubes de recorrerem e o jogo sair. Ainda assim, adiaram o arranque do Girabola”, lamentou, questionado “porque fizeram um dia antes o sorteio do Girabola?”.

Conforme Paulo Tomás, houve coragem da parte do Conselho de Disciplina, mas admite que a FAF cometeu excesso na aplicação da condenação.

“Temos noção de corrupção no futebol, daí encorajar a FAF, mas conforme foi sentenciado este assunto só mata o futebol angolano”, desabafou Paulo Tomás, questionando: “ninguém está a pedir que se finja que não existiu suborno ou corrupção, mas será que houve mesmo a necessitade de despromoção da Académica do Lobito e do Kabuscorp? É necessário punir o Petro de Luanda por dois anos?

Há ainda dúvidas que o Petro de Luanda ficará suspenso neste período, por conta do envolvimento de diversos sectores neste assunto.

Já o presidente do Petro de Luanda, Tomás Faria, acusou o Conselho de Disciplina da Federação Angolana de Futebol de perseguir os bicampeões, face à suspensão de toda a actividade desportiva por dois anos.

“Somos obrigados a questionar os critérios usados pela FAF e se existe alguma intenção mascarada com o Petro de Luanda ou não. Desde que ganhámos na assembleia, que tínhamos que disputar o segundo jogo da Taça de Angola, na época passada, o cenário passou a ser este. A maneira como jogámos a Supertaça, a situação do jogo em Caculo, em que no dia do jogo ligaram-me a informar que não podíamos entrar em campo, por alegada dívida ao Avelino Lopes, o que no final não se provou, entre outras situações, levam-nos a sentir que há aqui perseguição”, referiu.

Quando a questão da não colaboração, o dirigente afirmou que quem não colaborou para a verdade dos fatos foi o Conselho de Disciplina e não o Petro de Luanda.

“Nós colaborámos com a federação, nós temos aqui as cartas e nenhuma das quatro correspondências ficou sem resposta. É falso que não tenhamos colaborado. Nós não recebemos oficialmente o áudio, nem a federação juntou qualquer instrumento digital contendo o áudio. O que dissemos ao Conselho de Disciplina foi que nós não nos conseguimos pronunciar, porque não temos, oficialmente, o áudio. Solicitámos que nos fosse enviado, mas a FAF não fez isso e dizia-nos para procurarmos nas redes sociais”, explicou.

Aos jornalistas, Tomás Faria prometeu que o clube vai recorrer da decisão junto do Conselho Jurisdicional, no prazo de oito dias, e apelou à tranquilidade e serenidade de sócios e adeptos.

Em causa, está o áudio difundido nas redes sociais em julho, em que o treinador da Académica do Lobito, Agostinho Tramagal, em conversa com o jornalista da Rádio Nacional de Angola, Adolfo Manuel, confessou ter recebido do Petro três milhões de kwanzas como incentivo para vencer o 1.º de Agosto na Taça de Angola, na época passada, além de celebrar compromissos com Bento Kangamba, para permitir que o Kabuscorp vencesse partidas, em troca de avultadas somas em dinheiro.

No mesmo comunicado, o órgão disciplinar na FAF puniu também o Kabuscorp com a pena de descida de divisão, para o segundo escalão, e suspendeu o presidente deste clube, Bento Kangamba, por quatro anos.

O treinador da Académica do Lobito, Agostinho Tramagal, foi castigado com quatro anos de suspensão.

A a equipa do Petro de Luanda já começou a sentir o efeito da punição da FAF. Este domingo, o comité da Superliga Africana condicionou, a participação dos “tricolores” na primeira edição da competição.

Segundo a organização da Liga, a medida perdura até que terminem as investigações disciplinares impostas pelo Conselho de Disciplina da Federação Angolana de Futebol (FAF).

Fonte: NJ

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