
Em 2024, a Unidade de Informação Financeira (UIF), organismo que monitora a legalidade dos movimentos financeiros no País, recepcionou 22 pedidos de suspensão de operações, tendo sido concretizados 6 bloqueios pelas instituições de aplicação da lei, segundo as informações publicadas no relatório anual da UIF. Ao todo, foram impedidas operações financeiras avaliadas em mais de 1.000 milhões USD, valor que representa um crescimento exponencial face a 2023.
De acordo com o relatório de 2024 da UIF, entre as 22 operações suspeitas, 21 foram reportadas pelo sector financeiro e totalizaram 1.000 milhões USD, 749 milhões Kz (cerca de 82 milhões USD) e 900 mil euros. Estes dados estatísticos demonstram, entre 2023 e 2024 uma queda substancial nas operações bloqueadas, que passaram de 55 para as referidas 22.
No que diz respeito aos valores em causa, se no ano passado atingiram mais de 1.000 milhões USD, em 2023 ficaram- -se pelos cerca de 25 milhões USD, naquela que é uma diferença abissal em apenas dois anos.
O relatório da UIF não específica o que poderá justificar tamanhas disparidades, que já se tinham verificado noutras ocasiões. Por exemplo, em 2021, sem motivos aparentes e sem explicação oficial, a UIF também já tinha reportado operações suspeitas avaliadas em mais de 4.000 milhões de euros.
A imprensa procurou obter mais esclarecimentos sobre estes indicadores com Gilberto Capeça, director-geral da UIF, mas o responsável preferiu não comentar.
As diferenças substanciais entre os relatórios também podem estar associadas a eventos externos, como são os casos das avaliações do Grupo de Acção Financeira (GAFI), que no ano passado voltou a colocar Angola na chamada “lista cinzenta” da organização, depois de o País já ter constado da “lista negra” daquela organização (em 2010).
Os montantes em causa são elevados e demonstram que o País ainda precisa de ultrapassar vários desafios, que não são apenas legais. Embora existam vários dispositivos legislativos para combater fenómenos como o branqueamento de capitais, terrorismo ou corrupção, muitas vezes são as fraquezas institucionais (na administração pública ou no sistema de justiça, por exemplo) que impedem uma fiscalização mais efectiva dos movimentos financeiros realizados em Angola.
Fonte: Expansão