O Mercado do Trinta, que movimenta diariamente mais de um milhão de clientes, repartido por 6 mil e 450 vendedoras e com um lucro diário acima dos 4 milhões de kwanzas, deverá, nos próximos tempos, sofrer um processo de requalificação com vista a garantir maior mobilidade dos utentes daquele que é considerado o maior espaço comercial a céu aberto do país, mas que tem sérios problemas de acesso, arruamentos, higiene e segurança
Já está em curso o processo de levantamento de uma série de prospecções e avaliação das condições do Mercado do Trinta, que tem um prazo limite de 45 dias, o que deverá culminar, posteriormente, com a requalificação da praça, no agora município do Sequele, na recémcriada província de Icolo e Bengo.
O diagnóstico e avaliação técnica estão a ser executados pelos técnicos do Governo da Província do Icolo e Bengo e da administração municipal do Sequele, dias depois da recente visita efectuada ao espaço pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano.
Numa corrida pelo tempo, os técnicos avaliam ponto a ponto as condições com vista a garantir que a requalificação prevista proporcione maior mobilidade aos utentes e aumente os lucros daquele que é considerado o maior mercado a céu aberto do país, em que todos os dias passam por lá mais de um milhão e 500 mil pessoas que vão à procura dos mais diversos produtos, sobretudo alimentares.
A referida requalificação vai melhorar, no futuro, a questão do acesso do exterior ao interior do mercado, com ligação via asfalto, arruamentos, iluminação pública, infra-estruturas de apoio, pavimentação e outras componentes que vão criar melhor mobilidade e segurança aos utentes, conforme garantiu, ao jornal OPAÍS, o administrador do mercado, Augusto Cardoso.
Para já, a dor de cabeça
Para já, enquanto se espera pelo processo de requalificação, a entrada e saída no Mercado do Trinta não é uma tarefa fácil, devido à precariedade dos acessos naquele espaço geográfico de 2 mil metros de extensão e 950 metros de largura.
O início das dificuldades começa a partir da entrada que liga o espaço à Estrada Nacional 230, que é de terra batida, esburacada e repleta de dificuldades.
A mobilidade nessa via torna-se mais difícil ainda quando chove devido às águas lamacentas que tornam a vida dos transeuntes, sobretudo os automobilistas, num verdadeiro “inferno”, como disse António Carlos, responsável da Feira de gado que todos os dias abastece o Mercado.
Segundo o senhor, da entrada do mercado até a feira, os camionistas que transportam o gado passam por enormes dificuldades, sobretudo no período chuvoso, em que a mobilidade e acesso para o Trinta ficam completamente dificultados, o que resulta na quebra de peças das viaturas, sobretudo ligeiras, aumentando, assim, os preços dos fretes.
“Nós, que todos os dias, fornecemos gado ao mercado, não é fácil suportar o acesso daqui do Trinta. Temos de fazer uma ginástica terrível para conseguirmos ter acesso e entrar com os animais até a feira. É que não é fácil”, lamentou o empresário.
Paliativo não é a solução
Já João Segunda, taxista da rota Estalagem-Trinta, disse não perceber as razões que levam o maior mercado do país a continuar a ter o seu principal acesso dificultado.
Conforme referiu, aquele maior centro de distribuição e abastecimento do país devia merecer maior atenção das autoridades governamentais, a julgar pelo peso que tem no tecido económico nacional.
“Não podemos ter um Trinta, que dá muito dinheiro, nas condições em que se encontra. Aqui vem gente de todo o país e até estrangeiros. Não podia estar nessas condições.
Agora, muito recentemente, vimos aqui um ministro que veio visitar o mercado. Por isso é que fizeram esse paliativo na via principal. Mas isso não é a solução”, alertou.
Fonte: OPAÍS