As instituições privadas receberem 163.816 vagas e as públicas ficaram com 27.936 vagas (15%). Além da pouca procura por parte dos cidadãos em fazer o ensino superior, os 83 cursos de Saúde não acreditados, proibidos de inscrever novos estudantes, também contribuíram para diminuição do número de vagas.
O número de vagas disponíveis para o presente ano lectivo reduziu 16,7% para 191.752 face às 230.253 vagas referente ao ano lectivo de 2023/24. As instituições perderam 38.500 vagas, de acordo com os cálculos da imprensa com base nos dados do Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI).
As instituições de ensino superior privado receberam o maior número de vagas (163.816), representando 85% e as públicas ficaram com (27.936 vagas) 15%.
Para as áreas de conhecimento, verifica-se maior concentração de oferta em Ciências Sociais, Humanidades e Artes, com 107.229 vagas (55,9%). A área das Ciências Exactas, Naturais, Agrárias e Veterinárias ficaram com 1.940 vagas (1,2%).
As de Ciências Médicas e da Saúde receberam 29.673 vagas, equivalente a 15,4%. Já as Engenharias e Tecnologias apresentam 38.596 vagas (20,1%), sendo que as Ciências da Educação têm 14.314 vagas, equivalentes a 7,4% do total de vagas.
Esta redução do número de vagas pode ser explicada de duas maneiras: a primeira está relacionada com a proibição de 83 cursos da saúde que ficaram impedidas de matricular novos estudantes até que resolvam as insuficiências detectadas na avaliação externa. Com esta situação as instituições perderam entre 14 a 15 mil vagas.
A outra razão tem a ver com a menor procura do ensino superior por parte dos estudantes por razões socioeconómicas, porque “alguns tentam, mas outras nem que quer tentam candidatar-se porque não têm condições para pagar propinas na base de 30 mil Kz para cima” e outros fogem a matemática e da física dos cursos de tecnologias, por isso, é que cursos das ciências sociais, humanidades e artes ocupam quase 60% das vagas disponíveis para este ano lectivo.
“Foi feito um estudo, e o histórico das instituições revela que nos últimos anos tem reduzido o número de candidatos. Para ter uma ideia, das 200 mil vagas do ano passado disponibilizadas às faculdades privadas só houve 117 mil candidatos, ou seja, não chegou sequer um candidato para cada vaga. Nas públicas, para as 29.860 vagas tivémos 109 mil candidatos, quatro candidatos por vaga, então fizemos um exercício de ajustamento entre a procura e a oferta, porque havendo menos candidatos não podemos distribuir muitas vagas”.
Eugénio da Silva, Secretário de Estado para o Ensino Superior, sublinhou que a principal causa da diminuição de vagas é a pouca procura por parte dos candidatos, nesta diminuição de 16% apenas 5% ou 2% representam a falta de vagas dos 83 cursos da Saúde não acreditados.
O Plano de Desenvolvimento Nacional draft preliminar 2023-2027 prevê aumentar o número de estudantes no ensino superior público, nomeadamente nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, sigla em inglês) e inverter o actual quadro de estudantes maioritariamente inscritos nas IES privadas, é uma prioridade para o sector do ensino superior, dado que Angola apresenta taxas de matrícula no ensino superior abaixo dos países vizinhos (9%) vs. 18% na SADC.
Actualmente o Governo investe 0,23% do Produto Interno Bruto (PIB) em ensino superior e pretende investir 0,29% até 2027, um valor residual se olharmos para a recomendação da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) que são 4% a 6% do PIB até 2030.
Os números traduzem que o País sempre teve um investimento “irrisório” no que diz respeito à Educação, quando comparado com os outros países da região e até mesmo do mundo, uma situação que condiciona o crescimento de um sector primordial para o desenvolvimento do País.
É preciso recuar até 2010 para encontrar um investimento no ensino de 3,48% do PIB, mas, ainda assim, quando comparado com África do Sul (5,96%), Cabo Verde (4,94%), Portugal (5,4%) e Brasil (5,65%), nesta mesma época, percebe-se que afinal o investimento sempre foi mínimo.
Ainda assim, os académicos defendem cada vez mais a aposta no superior e que os números saem do papel e passam para a prática, para se ter o ensino desejado em todos os níveis.
Fonte: Expansão