
Numa visita oficial à Costa do Marfim, no final de Junho, foi oferecido ao presidente angolano um novo papel: o de mediador na crise do Sahel, para que o diálogo seja restabelecido com as juntas que tomaram o poder no Mali, no Burkina Faso Faso e Níger e que as eleições sejam organizadas nesses países num prazo razoável.
Segundo à Jeune Afrique, Lourenço que esteve em Abidjan entre 26 e 28 de Junho, e foi o seu homólogo costa-marfinense, Alassane Outtara, quem colocou o assunto em cima da mesa, esperando encontrar uma solução para o impasse em que se encontra a sub-região desde Bamako, Ouagadougou. e Niamey, exasperados com os apelos à ordem da CEDEAO que lhes pedia que organizassem o regresso dos civis ao poder, decidiram traçar o seu próprio caminho criando a Aliança dos Estados do Sahel.
Alassane Ouattara fez esta proposta em nome dos seus pares da África Ocidental que, como ele, acreditam que João Lourenço “tem o perfil”. O próprio Chefe de Estado angolano é, na verdade, um antigo soldado (ocupou o posto de general), que também serviu o seu país como Ministro da Defesa. Ele ocupa a presidência rotativa da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL) e desempenha o papel de facilitador da União Africana (UA) entre a RDC e o Ruanda – um ponto sobre o qual o costa-marfinense não hesitou em insistir.
Será que João Lourenço ficará convencido? Segundo nossas informações, ele ainda não deu uma resposta formal. Em qualquer caso, não seria a primeira vez que um chefe de Estado da África Austral foi solicitado a mediar na África Ocidental. O sul-africano Thabo Mbeki foi em certa altura chamado como reforço pela UA para ajudar a encontrar uma solução para a crise pós-eleitoral na Costa do Marfim no final de 2010. Tal como Jacob Zuma (também sul-africano), Jakaya Kikwete (Tanzânia) ou mesmo Raila Odinga (Quênia).
Fonte: AN