A empresária angolana Isabel dos Santos disse esta terça-feira numa entrevista que se sente “perseguida politicamente” pelo atual Presidente de Angola, João Lourenço, que acusa ainda de não respeitar a separação de poderes e condicionar a justiça.
“Não há dúvidas que nós estamos perante um cenário de perseguição política, e olhando para Angola e o nosso sistema jurídico, é fácil de entender que o Procurador-Geral da República recebe ordens diretamente do Presidente, ou seja, ao contrário de alguns países”, afirmou Isabel dos Santos, em entrevista à TVI/CNN.
Isabel dos Santos considera que não existe separação de poderes em Angola e acusa o procurador-geral da República, Pitra Grós, de receber ordens de João Lourenço. “O procurador, general Pitta Grós, recebe ordens diretamente do general Lourenço, do Presidente João Lourenço”, acusou, acrescentando que o líder angolano está a “usar a lei para fazer guerra, a utilizar as instituições estatais, públicas, a utilizar os próprios tribunais e utilizar a lei para combater um opositor.
Um opositor económico e um opositor político”, frisou. Essa, afirma, é a razão para o que considera ser a “perseguição política” que alega estar a ser alvo, com o objetivo, designadamente, de impedir que “outras vozes entrem na política em Angola”.
Relativamente a Portugal, Isabel dos Santos diz que nenhum governo lhe pediu para investir no país. “Eu trabalhei sempre com os contactos empresariais”, disse, reiterando que a sua relação com Portugal “foi sempre através de investimentos privados”, com os empresários portugueses.
Questionada sobre a sua ligação à Rússia, Isabel dos Santos destacou a cultura e história deste país e, quando questionada se considera passar a viver na Rússia, Isabel dos Santos respondeu apenas que sente “um carinho especial” por esse país. “Eu tenho um carinho especial, porque é a terra da minha mãe. Portanto, é um sítio onde tenho família e que respeito muito, com uma cultura fenomenal”, declarou. Quanto ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, respondeu que espera que o conflito se resolva. “A paz é importante para todos”, concluiu.
Fonte: AN