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Investidores norte-americanos vão ter garantia de crédito em Angola

O Presidente João Lourenço garantiu, terça-feira, em Washington, Estados Unidos da América, que os investidores que decidirem investir em Angola vão ter a garantia do crédito à exportação que, regra geral, é concedido pelo Exim Bank, instituição americana de cariz financeiro.

O estadista angolano avançou a garantia durante a participação no debate do Congresso Anual da Exim Bank, realizado na capital norte-americana e que contou com a presença de centenas de convidados ligados ao sector empresarial.

Acompanhado no debate pelo homólogo de Moçambique, Filipe Nyusi, o Presidente João Lourenço assegurou aos presentes que Angola dispõe, nos dias de hoje, de um bom ambiente de negócio favorável aos investidores.

“Venham a Angola para investir e conhecer o país como turistas. Tenho a certeza de que sairão satisfeitos”, ressaltou. Durante o debate, de cerca de 30 minutos, moderado pelo director editorial do Diversidade e Cultura do jornal Político, John Yearwood, o Chefe de Estado falou do combate à corrupção em curso no país nos últimos cinco anos, salientando que a batalha contra este problema ainda não está vencida, mas que já se vai aproximando, cada vez mais, da meta, em que, como sublinhou, ninguém mais se atreverá a mexer no recurso público.

O Presidente da República considerou a corrupção um problema de segurança nacional, dada a capacidade que tem para impedir o desenvolvimento económico e social de qualquer país. Ressaltou que os recursos públicos desviados para os bolsos de particulares ajudariam a construir mais escolas, hospitais, estradas, portos, aeroportos, caminhos-de-ferro, bem como a resolução de problemas sociais das populações. “E isso pode criar situações de revolta popular, golpes de Estado e outros”, frisou.

O Chefe de Estado, cujas intervenções no debate do Congresso Anual da Exim Bank eram seguidas pelos presentes com muita atenção, salientou, ainda a propósito da corrupção, que outro mal associado a este problema é a impunidade.

“O problema não é haver corrupção, mas, sim, haver corrupção e, ao mesmo tempo, impunidade, ou seja, não acontecer absolutamente nada àqueles que praticam a corrupção”, realçou o estadista angolano, para quem é mau quando um Estado se torna permissivo em relação à corrupção. “Isso é que é mau”, frisou.

Cimeira EUA-África

Na ocasião, o Chefe de Estado saudou a iniciativa do Presidente norte-americano, Joe Biden, em realizar a Cimeira Estados Unidos África, que arrancou, esta terça-feira, em Washington, com a presença de vários estadistas africanos, para desenhar os novos horizontes nas relações entre EUA e África.

João Lourenço sublinhou que África é o continente do presente e, por esta razão. “Foi muito inteligente da parte do Presidente Biden, em ter tomado esta decisão”, salientou o estadista angolano, realçando que, a partir de agora, os Estados Unidos da América passarão a olhar o continente com outros olhos.

Dado o facto de o mundo estar, hoje, confrontado com duas grandes crises, nomeadamente, a energética e a alimentar, o Chefe de Estado disse que África pode ser o destino do investimento de muitas empresas americanas para, entre outras actividades, montar sistemas de produção de energia solar.

Referiu que o sol, em África, ainda não é muito bem aproveitado, o que pode constituir uma grande oportunidade para o investimento americano. “Deste mesmo sol, pode produzir-se energia”, aclarou.

Em relação à crise alimentar que assola o mundo, o Presidente João Lourenço disse que o continente africano pode ser a solução para este problema, lembrando que África tem um grande potencial para produção de bens alimentares, devido às suas terras aráveis vastas, águas em abundância e em grande parte do continente.

“E temos um clima que ajuda todo o tipo de investimento na agricultura, uma vez que não temos Inverno, ou seja, pode-se produzir bens alimentares no nosso continente em praticamente todo o ano”, garantiu.

Créditos internacionais

Convidado a pronunciar-se sobre créditos internacionais, João Lourenço referiu que os países africanos, “ditos do terceiro mundo ou pouco desenvolvidos”, recorrem, muitas vezes, aos credores internacionais, ora para solicitar o perdão da dívida, ora para renegociar as dívidas, encarando-se, em função disso, como “forma de se humilhar”, garantindo que os países nesta condição não querem continuar nesta situação, de se sentirem humilhados.  

“Nós queremos criar capacidade de honrar com os nossos compromissos, ou seja, criarmos capacidade de pagarmos as dívidas que contraímos”, ressaltou. E uma das formas de tornar este quadro uma realidade, prosseguiu, é apelar mais investimentos nestes países, permitindo, deste modo, que tenham maior capacidade de exportação de bens não apenas de matéria-prima, mas, também, manufacturados.

“Daí a necessidade do investimento privado, para transformar as nossas matérias-primas, porque isso vai nos dar capacidade financeira e aumentar as nossas reservas internacionais líquidas e, desta forma, poderemos honrar o pagamento das nossas dívidas”, esclareceu o Presidente João Lourenço, acrescentando que é desejo destes países atingir este patamar.

  Congresso Anual é o principal evento da Exim Bank

O Congresso Anual da Exim Bank é o principal evento da instituição. Este foi o primeiro encontro realizado desde 2019, altura em que reuniram pela última vez, devido à pandemia da Covid-19. O evento foi realizado no formato híbrido e contou com a participação de mil pessoas, sendo 750 de forma presencial.

Foram tópicos principais do Congresso Anual da Exim Bank tecnologia de energia limpa, a parceria para Infra-estrutura e investimento global, financiamento para pequenas empresas, fazendo negócios em África, cadeias de suprimentos resilientes, diversidade e inclusão, semicondutores e exportações transformacionais, China, Indo-Pacífico e o futuro da competição económica.

Exim é uma agência independente do Poder Executivo com a missão de apoiar empregos americanos, facilitando a exportação de bens e serviços dos EUA.

Depois de participar no Congresso Anual do Eximbank, o Presidente da República recebeu, em audiências separadas, uma delegação de alto nível da Administração Biden, encabeçada pelo  secretário de Estado, Anthony Blinken (não como o noticiado ontem), e pelo secretário de Defesa, Lloyd Austin; e o presidente do Banco Mundial, David Malpass, sendo que esta última aconteceu na sede do próprio banco.

África no G20

Em relação ao anúncio do Presidente norte-americano, Joe Biden, segundo o qual vai interceder a favor da admissão de África no G20, o estadista angolano considerou a decisão como uma questão de justiça, pelo facto de o continente africano ser o único que se encontrava fora deste grupo, que se dedica às questões importantes relacionadas com a economia global, como a estabilidade financeira internacional, mitigação da mudança climática e desenvolvimento sustentável.

“A situação que se vive, até ao momento, é discriminatória. No G20 está América, Europa, Ásia, mas o nosso continente não está representado”, desabafou. Em caso de a intenção de Biden se efectivar, o Chefe de Estado ressaltou que o continente africano poderá ajudar, no grupo G20, com contribuições que permitam resolver o problema da crise energética, alimentar e outro tipo de problemas que o mundo enfrenta. “Agradecemos esta decisão do Presidente Biden”, frisou.

Entretanto, o Presidente da República, que é, igualmente, o presidente em exercício da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos e da CPLP, disse que outra questão que o continente reivindica passa pela reforma das Nações Unidas, nomeadamente, do seu Conselho de Segurança, onde o continente não tem lugar. “O continente africano está, igualmente, sem representação neste importante órgão de decisão para as grandes questões de políticas mundiais”, disse.

Combate à recessão

O combate à recessão foi outro tema abordado no encontro. Sobre esta temática, o estadista angolano referiu que um dos caminhos para a resolução deste problema passa pela produção de bens e serviços em quantidades suficientes, aumentando a oferta, de modo que os preços dos produtos sejam acessíveis para os consumidores. Por esta via, o aumento da produção interna, com a contribuição dos investidores americanos, destacou o Presidente, permitirá combater a recessão.

Fonte: JA

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