À semelhança de outros produtos alimentares a importação tem sido a solução para atender às necessidades de arroz que o País precisa, enquanto a produção nacional não se afirma.
A importação de arroz no ano passado consumiu 223,1 milhões USD, uma queda de 39% face a 2022, segundo cálculos da imprensa com base em dados da AGT relativos à importação de produtos do PRODESI. Este montante permitiu a entrada no País de 339 mil toneladas de arroz, menos 206,6 mil toneladas do que no ano anterior. Dificuldades para aceder a divisas e subida dos preços travou consumo.
Ainda assim, a importação deste cereal continua a ser a solução para atender às 500 mil toneladas de arroz que o País consome anualmente, fazendo fé nas palavras de Domingos Veloso, Director Nacional das Florestas. O responsável adiantou também no mês passado que entre 2018 e 2022 o país gastou 1,5 mil milhões USD com a importação deste bem alimentar e reconheceu que existem vários constrangimentos que emperram a produção em Angola.
Constrangimentos reconhecidos pelos ministro da tutela aquando de um encontro com a imprensa no ano passado. Na altura, António Francisco Assis salientou que, apesar de o acesso ao crédito e de a lei de terras serem normalmente apontados como os principais problemas da agricultura em Angola, há outros elementos fundamentais para obter resultados, como o capital humano, a organização do mercado e a logística. “Toda a logística para fazer agricultura em Angola é importada e está sujeita aos choques que acontecem na economia mundial”, sublinhou o ministro, lembrando que praticamente a única fonte de divisas é o petróleo. Outros constrangimentos ao desenvolvimento do sector, identificados pelo director Nacional das Florestas, prendem-se com a produção de sementes, na sua maioria importadas da Zâmbia e do Zimbabué, e dos fertilizantes.
No entanto, os constrangimentos financeiros para quem produz arroz parece que poderão reduzir, já que está na forja um instrumento de financiamento para apoiar os grandes produtores. “Há um instrumento que está a ser criado especificamente para atender a operação de arroz. A acontecer vai ser uma das maiores operações de alavancagem para a produção deste produto que o País alguma vez teve. É um instrumento de financiamento aos principais produtores de arroz pela via de um sindicato de bancos comerciais. Um grupo de bancos que se está a juntar para participar numa operação dirigida para fomento da produção de arroz”, disse uma fonte ligada ao processo.
Apesar desta confiança ainda pouco se sabe sobre este instrumento e as suas particularidades, mas de acordo com esta fonte este assunto está nas mãos da equipa económica do Governo.
Ainda assim há quem prefira esperar pela concretização deste instrumento: “Para mim isto ainda não passa de intenção até termos a sua concretização. E caso avance é preciso também esperar pela sua aplicação. Porque já tivemos vários programas de financiamento e apoio à produção nacional que não funcionaram por várias questões”, defendeu um produtor.
Fonte: expansão