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Gabão. Países da África Central condenam golpe de Estado militar

A Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) condenou hoje o golpe de Estado levado por militares no Gabão na quarta-feira e apelou ao restabelecimento da ordem constitucional no país.

“A Comissão da CEEAC condena veementemente o recurso à força como meio de resolução de conflitos políticos e de acesso ao poder”, declarou esta quinta-feira, em comunicado, o bloco composto por onze países da região e cuja presidência rotativa é exercida pelo Presidente gabonês deposto, Ali Bongo, desde fevereiro passado.

A organização apelou à realização de um “diálogo republicano” que permita “tomar todas as medidas necessárias para um rápido regresso à ordem constitucional”.

A CEEAC, com sede em Libreville, capital do Gabão, também anunciou a “realização iminente” de uma cimeira extraordinária dos chefes de Estado e de Governo dos seus membros, embora não tenha especificado uma data.

Na quarta-feira, um grupo de militares anunciou ter tomado o poder no Gabão, pouco depois de a comissão eleitoral ter declarado a vitória de Bongo nas eleições presidenciais e legislativas de dia 26, que a oposição considerou fraudulentas.

Os golpistas afirmaram que o escrutínio não foi transparente, credível ou inclusivo e acusaram o Governo gabonês de governar de forma “irresponsável e imprevisível”, prejudicando assim a “coesão social”.

No final do dia de quarta-feira, os líderes do golpe de Estado anunciaram a nomeação do general Brice Oligui Nguema, comandante da Guarda Republicana do país, responsável pela segurança do próprio chefe de Estado, como novo “presidente de transição”.

O presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, condenou o golpe na quarta-feira, descrevendo-o como uma “violação flagrante dos instrumentos jurídicos e políticos” da organização.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, associou-se à condenação, embora tenha alertado para a existência de irregularidades no processo eleitoral que conduziu à vitória de Bongo.

Este não é o primeiro golpe de Estado enfrentado por Ali Bongo, cuja família detém o poder desde 1967.

Bongo sofreu uma tentativa de golpe em janeiro de 2019, reprimida no próprio dia, quando se encontrava em Marrocos a recuperar de uma doença.

O golpe de Estado no Gabão – uma das potências petrolíferas da África Subsariana – é o segundo a ocorrer em pouco mais de um mês no continente, depois de o exército ter tomado o poder no Níger, em 26 de julho último.

O Gabão junta-se, para já, à lista de países que tiveram golpes de Estado bem-sucedidos nos últimos três anos: Mali (agosto de 2020 e maio de 2021), Guiné-Conacri (setembro de 2021), Sudão (outubro de 2021) e Burkina Faso (janeiro e setembro de 2022).

Fonte: NM

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