O jurista Fernando Monteiro Kawewe disse esta segunda-feira, 04, que a expressão do Presidente da República, João Lourenço, “não tenha medo da farda”, pode ter várias interpretações.
Chefe de Estado dirigia-se ao novo ministro do Interior, Manuel Homem, que foi apresentado esta segunda-feira depois de empossado.
Homem é o primeiro civil a ocupar essa pasta em Angola – uma situação que continua a gerar debate em vários segmentos da sociedade angolana.
Para Monteiro Kawewe, o presidente João Lourenço não se devia pronunciar nesses termos.
“Ao dizer esta frase cria várias interpretações. Cada um vai levantar a sua interpretação. Acredito que no âmbito da tomada de posse de qualquer titular há um discurso apropriado. Para mim, o consultor do presidente para a área jurídica cometeu uma grande falha. O presidente não pode cair nas ondas das especulações”, defendeu.
O jurista sublinhou que, nessas circunstâncias, o novo ministro fica demasiadamente exposto.
“O Interior é um Ministério com mais velhos que vieram da polícia portuguesa. Muitos deles passaram pelas FAPLA e FALA. Tem muitos conservadores. Eu se fosse aconselhar, numa fase como essa, em nenhum momento poderia colocar alguém que não venha daqueles que fizeram carreira. O Manuel Homem com certeza que vai enfrentar situações difíceis. Aqueles que estão há muito tempo sem serem projectados, em nenhum momento vão se sentir bem”, avançou.
Cinco novos governantes tomaram posse ontem, na Cidade Alta, entre eles, dois novos governadores e um ministro.
Para assumir o comando de Benguela, João Lourenço conferiu posse a Manuel Júnior, que substituiu assim, Luís Nunes, agora empossado como governador de Luanda.
Também foi empossada nova secretária de Estado para os Direitos Humanos e cidadania.
Na ocasião, João Lourenço pediu ao novo ministro do Interior, Manuel Homem a “não ter medo da farda”.
E, em declarações à imprensa, o ministro Manuel Homem disse que vai começar por avaliar o actual estado do Ministério do Interior.
“Vamos fazer um diagnóstico daquilo que é a situação actual e perspectivamos dar sequência à várias acções já em curso e iniciarmos outras como a segurança pública e as violações de fronteira, além da apropriação de várias riquezas do nosso país”, disse.
Fonte: CK