
O número de obras estagnadas no País tem vindo a crescer nos últimos anos face à contínua degradação da condição social e económica das famílias e à fraca capacidade de resposta das empresas para dar seguimento as obras.
No primeiro trimestre deste ano, 77% das obras estavam paralisadas em todo o País, ou seja, 8 em cada 10 obras encontravam-se estagnadas, conforme indicam os dados do Inquérito Trimestral de Avanço e Acompanhamento dos Edifícios em Processo de Construção (ITAEPC) do Instituto Nacional de Estatística (INE).
O relatório observa ainda que nos três primeiros meses do ano foram visitadas 3.332 obras, das quais apenas 780 estavam em processo de construção, o que demonstra que persistem no mercado problemas relacionados com o sector da construção, que têm aumentado cada vez mais o número de obras paralisadas. Por exemplo, na comparação entre o IV trimestre do ano passado e o I deste ano registou-se um aumento de 1,3% nas obras estagnadas.
E várias são as causas deste fenómeno, que vão desde o preço dos materiais de construção, que estão em alta no mercado nacional, à falta de fiscalização, além da inflação, que corrói o poder de compra das famílias e diminui a capacidade de resposta das empresas para dar seguimento às construções.
A nível nacional, a província de Benguela, com 435 obras paralisadas, lidera o ranking. A seguir surgem as províncias do Uíge, com 372 e Cuando Cubando com 352 obras estagnadas, respectivamente.
Em sentido contrário, a província do Bengo é a região com menos obras paralisadas, apenas 19, mas pode haver uma explicação para o facto, visto que as obras em curso naquela localidade têm sido geralmente inferiores a grande parte das demais províncias do País. Basta olhar para o OGE e observar os programas de investimentos públicos destinados à província.
Luanda, com 88 edificações paradas, encontra-se a meio do ranking por província das obras paralisadas, mas é aquela que mais tem obras em processo de construção no I trimestre a nível do País com 129 construções (16,5% do total).
O Cuanza Sul, com 112 obras em construção (14,36%) vem a seguir e o Namibe, com 97 obras (12,44%) encerra o top 3 das províncias com mais obras em andamento neste período.
Um dado curioso é que 95% das obras visitadas pelo INE no mesmo período têm como destino a habitação e apenas 5% são “não residenciais”, categoria que junta as construções para a indústria, comércio, hospitais, escolas, escritórios, igrejas e hotéis. Das 3.176 obras identificadas tendo como fim a habituação, 447 estão em Benguela, 378 estão no Uíge, 364 no Cuando Cubango, 353 em Cabinda e as restantes espalhadas pelas outras províncias do País.
A província do Bié concentra a maior área bruta de construção em metros quadrados no I trimestre, com 65.768 metros quadrados, num total de 456.564. Isto significa que é no Bié onde se estendem as maiores áreas de construção, suportada por construções habitacionais e construções familiares, de acordo com o desejo de materialização do sonho da casa própria.
Já em termos de custo, as obras em construção no primeiro trimestre do ano representaram um custo médio mensal em mão de obra equivalente a 95,2 milhões Kz, sendo que o custo está distribuído por habitação, com 71,6 milhões Kz e “não residencial”, com 23,5 milhões Kz. No entanto, a província da Lunda Norte agrega as obras mais caras, estimadas em 16,9 milhões Kz quanto à habitação, seguida de Luanda, com 12,9 milhões Kz.
Fonte: Expansão