
Para Vladimir Tararov, o dia em que os norte-americanos se enfraquecerem, em termos militares e económicos, perderão ”todos os aliados, porque são injustos e inseguros”.
O embaixador da Rússia em Angola, Vladimir Tararov, considerou, numa entrevista extensa que concedeu ao jornal , que a ”união” de Angola aos Estados Unidos da América (EUA) é ”obrigada”, ao contrário do que poderia ser estabelecida com o seu país.
”Se a vontade de Angola for ficar ao lado da Rússia, essa será a união mais forte do que a obrigada pelos EUA”, sublinhou o diplomata, sem fundamentar a razão da percepção de que Luanda esteja a ser ”obrigada” a manter intensas as relações com Washington.
Para Vladimir Tararov, um dia, os EUA perderão esses aliados conseguidos por base da força quando se enfraquecerem, em termos militares e económicos, porque são ”injustos e inseguros”.
Luanda, desde a independência, sempre foi um forte aliado de Moscovo, tendo o apoio iniciado ao MPLA muito antes da independência de Angola em relação aos portugueses.
O laço de amizade e aproximação entre a Rússia e o MPLA, consequentemente, o Governo angolano não registou desenlace durante os 38 anos de liderança de José Eduardo dos Santos, embora os EUA não tivessem desistido da ideia de alterar o quadro.
Nos cinco anos do primeiro mandato de João Lourenço, iniciado em 2017, a cooperação entre os dois países continuou privilegiada, tendo Angola, inclusive, procurado evitar uma condenação da Rússia na ONU, em 2022, face a invasão que o país de Putin iniciou contra a Ucrância, naquele ano.
Entretanto, o desenlace entre os dois Estados se deu a 15 de Setembro de 2022, quando João Lourenço, ao discursar na cerimónia de sua investidura para o segundo mandato, apelou para que a Rússia colocasse um ponto final à invasão.
Um mês depois, Angola votou a favor de uma resolução da ONU que visou condenar a anexação russa de territórios ucranianos.
A seguir, vieram as aproximações entre Angola e os EUA em sectores como a energia, telecomunicações, e segurança.
A Alrosa, empresa russa ligada aos diamantes, está a ser forçada pela parte angolana a sair da participação social que detém na Catoca, por conta das sanções de que a Rússia foi alvo pelos EUA, como consequência da invasão à Ucrânia. O que, para alguns observadores, Luanda não optaria por pressionar a multinacional russa, caso não se aproximasse muito aos norte-americanos.
Fonte: CK