Desde que o Presidente angolano lançou o seu combate contra a corrupção em 2017, os resultados do mesmo, seis anos depois, são tímidos, de acordo com especialistas e analistas angolanos.
O Governo tem defendido prudência e calma nesta luta que, segundo o Executivo, não é exclusiva das autoridades. Na prática, dizem os observadores políticos, nota-se exactamente o contrário, uma certa selectividade e pouco interesse em fiscalizar e punir os actuais gestores públicos.
O economista e coordenador do Centro de Investigação da ULA Heitor Carvalho desaconselha a gastar energias com actos do passado.
“A parte mais importante do combate a corrupção é a prevenção, é evitar que ela aconteça”, diz Carvalho. “Por exemplo os constantes créditos adicionais, na nossa contratação pública que substituíram os concursos públicos é uma porta aberta à corrupção”, afirma, acrescentando que “ isto seria mais importante do que combater o que ocorreu há cinco anos lá atrás”. Ideia partilhada pelo jornalista e analista Ilídio Manuel, que entende ser o próprio mentor do combate à corrupção que a fomenta hoje.
“O concurso público visa impedir que haja favorecimentos, contudo, é o próprio Presidente da República que opta justamente por aí, diz por um lado estar a combater a corrupção mas assim por estas práticas ele próprio promove actos de corrupção, em relação aos créditos adicionais que é uma forma de endividar o país e engajar todos os cidadãos a estas dívidas”, disse Manuel, para quem “ele está a comprometer o futuro das próximas gerações.”
“No caso de Angola tem sido um combate selectivo que de certo modo visa apenas a manutenção do poder está condenado ao fracasso, não faz sentido um País que esteja a combater corrupção e esteja a fazê-lo com corruptos”, afirma ainda Manuel, que diz que o sistema judicial (é) altamente corrupto e conta com o proteccionismo do próprio Presidente da República.”
Fonte: VOA/AN