Vários cidadãos que pretendem viajar para o Brasil reclamam da morosidade no tratamento na emissão de vistos para aquele país e lamentam que o Centro de Tratamento de Vistos não esclareça quais os motivos da demora na colocação do tão desejado carimbo no passaporte de que muitos utentes estão à espera há oito meses. A embaixada diz que cresceu o número de pedidos de visto de seis mil, em 2019, para 40 mil, e que as solicitações de visto vão continuar a demorar até seis mese.
O Consulado do Brasil, através do seu Centro de Tratamento de Vistos, pede aos utentes, que reclamem e enviem para um endereço electrónico, mas, segundo os utentes, este canal não tem surtido efeito.
A Embaixada do Brasil diz que iniciou há três meses um processo de pedido de vistos por agendamento, depois de muitas reflexões para melhorar o serviço, mas admite que este processo é demorado. E que os utentes podem esperar até seis meses.
Diariamente são muitas as pessoas que procuram a embaixada para entregar cartas de reclamações, como confirmou esta quarta-feira, 14, à imprensal, no Consulado e na Embaixada do Brasil em Luanda.
Segundo os utentes com quem à imprensa conversou, e que há muito esperam pelo visto, o consulado deixou de emitir de forma oficial há três meses, alegadamente por problemas no sistema.
Entretanto, verificou-se que muitos cidadãos conseguem visto somente pelas vias não oficiais, isto é, com intermediários que, em menos de 48 dias, a troco de 500 a 600 mil kz, conseguem o visto.
Segundo os utentes, não se percebe como através de vias não oficiais se consegue visto, “pago a preço de ouro”, mas no consulado e de forma oficial por agendamento não se consegue.
Outros cidadãos contaram que o problema da emissão de vistos para o Brasil existe desde finais de 2022.
“Dizem que tudo depende do agendamento no sistema, mas o facto é que o sistema está temporariamente fechado há dois mês e não há qualquer informação”, descreveu à imprensa João Mário Pande, que em Abril último deu entrada da solicitação do visto.
Nzongo Timóteo Baia, outro cidadão com que o Novo jornal conversou no Consulado do Brasil em Luanda, disse que ele e a esposa estão há oito meses à espera do visto de turista para o Brasil.
“Os motivos para o atraso são desconhecidos, visto que estou há seis meses a solicitar esclarecimentos e não obtenho resposta”, contou.
Nzongo Timóteo Baia, escritor, disse ter em mão um convite de viagem para a edição do seu livro no Brasil para o mês de Julho, mas não consegue ter o visto.
Outro cidadão, que pretende fazer uma consulta médica no Brasil, contou que mesmo marcando audiência com o cônsul geral do Brasil em Angola para resolução do seu problema, não conseguiu obter resposta satisfatória.
Como não quis esperar, o cidadão, que preferiu não ser identificado, revelou à imprensa que teve de recorrer a um intermediário, e, decorridos 40 dias, conseguiu o visto ao preço de 600 mil kwanzas.
“Eles dizem que não estão a emitir por falha no sistema ou por lentidão. Mas os intermediários e até mesmo os seguranças conseguem resolver o problema do visto. O visto aqui no Consulado do Brasil tornou-se um negócio”, explicou.
Um estudante contou que está há seis meses à espera do visto e que já perdeu muito por não estar em terras brasileiras.
“Por favor nos digam o que se passa porque assim é demais ou então que nos devolvam os documentos. Se eu tivesse o meu passaporte comigo e pelos canais travessos eu conseguiria”, realçou.
Fonte: NJ