Sexta-feira, Julho 5, 2024
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Chuvas em Luanda: Todo sofrimento é pouco?

O silêncio do PR, as palavras do Ministro do Interior culpando os mais pobres e a inviabilidade do programa de assistência às populações – preocupam as vítimas das últimas chuvas na capital angolana.

A implementação do programa de assistência às vítimas das chuvas em Angola começou nesta semana, mas munícipes de alguns bairros vulneráveis de Luanda estão a sentir-se abandonados pelo Governo. Enquanto as autoridades fazem o balanço dos estragos causados pelas chuvas, na semana passada, a intempérie voltou a pôr Luanda à prova, com nova queda de árvores, mais ruas alagadas e várias vias intransitáveis.

No bairro Belo Monte, em Cacuaco, perto de 100 casas correm o risco de desabar. Foi nesta zona da capital que Pedro Destino perdeu a mulher grávida nas últimas chuvas. Em declarações à Rádio Eclésia, diz que ainda não recebeu nenhum apoio das autoridades.

“Vendemos os meios todos. A senhora deixou-me com cinco filhos e morreu com gravidez de cinco meses. Não recebemos apoio do Governo. Isto é complicado. O Governo virou-nos as costas”. 

Várias vítimas

Os dados mais recentes do Executivo em Luanda apontam para que as chuvas tenham causado pelo menos 332 mortos desde agosto do ano passado.

A Comissão Nacional de proteção civil está a investigar o número de Sinistrados. A comissão prevê apoiar com alimentos e vestuário mais de 18 mil famílias em todo o país.

Populares ouvidos pela DW mostram-se incrédulos pela inação da Comissão Nacional de Proteção Civil até ao momento.

Domingas Samoúa, munícipe de Viana, questiona o silêncio do Presidente da República, João Lourenço, mediante o número de angolanos mortos na sequência das chuvas.

“Temos as cadeias televisivas a passarem dia e noite a situação de algumas famílias carenciadas e simplesmente o senhor Presidente da República não se pronuncia. Esta comissão criada para constatar e dar cesta básica, não vai resolver os problemas da população. Temos que ter bons fiscais. As pessoas não podem construir porque querem construir”, lamentou. 

De quem é a culpa?

Em conferência de imprensa na sexta-feira, o ministro do Interior, Eugénio Laborinho culpou a população pelos estragos causados pela chuva e prometeu “disciplinar” os cidadãos que constroem em zonas de risco.

Mas o engenheiro de construção civil Afonso Rocha disse à DW que as construções desordenadas não são a causa das inundações.

“É falsa a ideia de que os estragos provocados pela chuva são resultados de construções em linhas de água e em zonas impróprias. O Talatona é um exemplo. Foi construído em zona de risco? É vítimas dos estragos da chuva. A centralidade Vida Pacífica está inundada. O problema da capital é a Drenagem. Temos que pensar em sistema de drenagem tanto macro como micro”.

O engenheiro angolano defende que Luanda deve receber “obras profundas” para solucionar o problema das inundações.

“As obras em Angola têm que parar e os técnicos sentarem e criarem planos para reverter esta situação. É triste pessoas perderem vida devido à água”. 

Fonte: DW

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