
Não há volta a dar, a costa angolana está a ficar sem peixe e o País está obrigado a cortar as captura para prevenir o futuro. Mas esse corte substancial tem uma consequência que resulta da diminuição da oferta de peixe: a subida exponencial dos preços. É isso que os especialistas esperam para este ano.
A taxa autorizada de captura de pescado cai 30% para 218 mil toneladas em 2025, uma redução de quase 87 mil toneladas contra as 304.846 toneladas permitidas no ano passado, indica o Decreto Presidencial nº 57/25, de 26 de Fevereiro, sobre as medidas de gestão das pescarias marinhas, da pesca continental, aquicultura e do sal.
Segundo o documento, a redução da captura de pescado visa a protecção e conservação dos recursos biológicos aquáticos para fazer face à actual situação e permitir a recuperação da biomassa.
No ano passado, o Presidente da República, João Lourenço, autorizou, em despacho, a captura de 304.846, entre as espécies de crustáceos e moluscos, espécies demersais e pelágicas.
Os armadores falam de uma medida que pode encarecer o pescado e aumentar as importações numa altura em que o País procura, a todo o custo, combater a alta de inflação.
Até Setembro do ano passado, o País exportou 11.295,6 toneladas de pescado diverso, no valor de 36,9 milhões USD e importou 4.389,6 toneladas, totalizando 9,9 milhões USD.
Só para se ter uma ideia, o País exportou 14,0 milhões USD em camarões de água fria e 13,2 milhões em camarões congelados. Já as exportações de polvos congelados foram de 1,2 milhões USD.
Falando sobre os indicadores macroeconómicos do sector das pescas em Angola, o economista Heitor de Carvalho diz que para a pesca de captura, os números indicam uma sobreexploração crescente do mar, mostrando grande incapacidade do Estado em controlar a redução da biomassa.
Neste sentido, segundo disse, as perspectivas para as pescas são do pior que pode haver: se não diminuirmos as capturas, compromete-se drasticamente o presente e o futuro. Entende, por outro lado, que a solução seria a aposta na aquicultura, mas dessa, embora haja algumas iniciativas individuais, nem se ouve falar.
Heitor Carvalho avança também que para o País ter uma indústria pesqueira de grande escala, é preciso deixar que a biomassa se desenvolva. “Na pesca de captura falta biomassa. Se não deixarmos a biomassa desenvolver-se, teremos cada vez menos peixe no mar. Na aquicultura, falta conhecimento, experiência, tecnologia, contactos, mercados, falta tudo”, disse o economista.
Fonte: NJ