O Paraíso, no município de Cacuaco, foi transformado numa das bandeiras de Manuel Homem, governador provincial de Luanda, que em Abril assentou arraiais no local durante cinco dias e ouviu as queixas dos moradores de um dos mais complicados e perigosos bairros da capital angolana, famoso pelo elevado índice de criminalidade e pela falta de condições sociais. Dois meses depois, à imprensa esteve no local. A população diz que nada mudou desde a visita de trabalho do mais alto responsável do Governo Provincial de Luanda (GPL) e que o bairro continua muito perigoso, com os mesmos roubos e assaltos à mão armada, incluindo execuções sumárias de civis e efectivos da polícia…a mesma miséria. A única nota positiva que os munícipes concedem é que os quatro autocarros que o governador entregou para o transporte da população local até à vila de Cacuaco continuam a funcionar diariamente e a facilitar a vida dos moradores.
Quanto ao resto dos problemas, continuam por resolver e não houve qualquer alteração no que toca ao índice de criminalidade, dizem os moradores.
O alto nível da criminalidade, a falta de serviços sociais, escolas, centros de saúde e água potável foram algumas das muitas queixas apresentadas pelos moradores a Manuel Homem há cerca de dois meses.
A população queixou-se também da pobreza extrema por parte de muitas famílias que ali vivem e do desordenamento das ruas. Lamentou igualmnete o facto do bairro Paraíso ter apenas uma esquadra móvel da polícia com menos de 30 efectivos.
As famosas lutas de grupos, vulgarmente conhecida como a luta do “Wowo”, segundo os moradores, provocam a morte de muitos jovens naquela zona e o fenómeno, dizem, cresceu bastante no Paraíso.
Manuel Homem ouviu também dos munícipes que o bairro é controlado pelos marginais que à luz do dia fazem tudo que quiserem e que a presença da polícia no Paraíso é “invisível”.
Decorridos dois meses desde que o governador de Luanda, Manuel Homem, visitou e trabalhou durante cinco dias naquele bairro, conhecido pelos seus problemas, à imprensa deslocou-se ao bairro e conversou com a população local.
Na zona do “Campo do Petro, no bairro Mulenvo de baixo, onde o GPL se instalou durante os cinco dias em que o governador trabalhou no Paraíso, uma “feira da bebida” está montada há um mês, e dizem os moradores que tem sido assim, impedindo os jovens do bairro de praticar actividades desportivas.
Irritados pelo facto de não poderem praticar desporto, em particular futebol, os jovens dos arredores estão insatisfeito e disseram à imprensa que é assim que surgem as confusões.
“O único sítio que temos para nos divertir e praticar actividades desportiva é ocupado há meses com a feira da bebida da Cuca. Assim, o Governo espera o quê de nós?”, questionou o munícipe João Miguel.
Na zona dos Bagongos, Pedreira”, Santa, Tendas, Maria do Céu e das Catanas, o Novo Jornal ouviu o clamor e os relatos terror dos moradores.
Segundo os munícipes, nada mudou deste que o governador visitou o interior do bairro e consideram ter sido apenas um “show” off” de Manuel Homem enquanto governante.
“Tudo está na mesma. Não houve melhorias nenhumas e os assaltantes continuam a fazer das suas e a tirar vidas no bairro”, contaram.
Um moto-taxista, que solicitou anonimato, com medo de represálias, contou que por pouco morria, na semana passada, quando, durante a actividade laborficaram com a moto.
Conforme os moradores do Paraíso, desde a vista ao bairro do governador provincial de Luanda, Manuel Homem, tirando a situação dos quatro autocarros de transportes públicos que circulam do Paraíso até a Vila de Cacuaco e vice-versa, nada melhorou.
Quanto ao patrulhamento da polícia no interior do bairro, contam os moradores, é apenas nas vias principais e no período do dia.
“A polícia não entra no interior, apenas fica nas vias, manda parar as motorizadas e viaturas ao serviço de táxis e só entra na interior do bairro quando há confusões”, descrevem os moradores.
No passado mês de Abril, Manuel Homem, o titular do GPL, trabalhou durante cinco dias consecutivos naquela circunscrição territorial de Cacuaco e reuniu com a comunidade, manteve audiências individuais e colectivas com entidades civis e religiosas visando aferir a realidade económica, criminal, cultural, política e social bairro de Cacuaco, que de paraíso só tem o nome.
À imprensa procurou ouvir a comissão de moradores do bairro do Paraíso, mas o seu coordenador mostrou-se indisponível por falta de autorização da administração municipal de Cacuaco, assim como do partido MPLA.
Fonte: NJ