Depois do último aumento no ano passado, que subiu em 87,5% o preço do litro da gasolina, paira no ar a possibilidade de uma nova subida, apesar de fontes governativas não o confirmarem. Falta saber apenas o quando e quanto custarão os combustíveis. Entre os automobilistas reina a desconfiança.
Seis meses depois do aumento do preço da gasolina paira no ar a possibilidade estar a ser preparado mais um acerto nos preços actuais dos combustíveis, faltando apenas saber quando será e em que moldes. O Orçamento Geral do Estado em execução dá como certo este aumento e o próprio Presidente da República já afirmou que o fim da subsidiação aos combustíveis será feita de forma gradual este ano
Mas, para já, dentro do Governo ninguém revela sobre quando irá arrancar esse ajuste. As várias fontes do Governo contactas pela imprensa garantem desconhecer para já qualquer aumento, mas admitem que é uma decisão do titular do poder Executivo.
O Presidente da República, João Lourenço, já tinha deixado o aviso no discurso à Nação de que iria manter o processo de remoção da subsidiação estatal à gasolina e ao gasóleo em 2024. E a proposta de OGE 2024 mantém essa intenção acordada com o FMI e com o Banco Mundial e revela que será feito de forma gradual até 2025, depois de ter arrancado em Junho de 2023, quando a gasolina subiu de 160 Kz para 300 Kz.
Depois de um ano em que a inflação voltou a “comer” uma parte dos rendimentos das famílias, que este ano sabem que os aumentos salariais de 5% propostos pelo Governo serão insuficientes para compensar esse poder de compra, a espectativa dos automobilistas é grande quanto a uma eventual subida do preço dos combustíveis como constatou a nossa reportagem em vários postos de abastecimento em que passou.
“A confirmar-se o aumento do preço dos combustíveis vai ser pesado para muitos de nós. Com o aumento do ano passado e conforme as coisas estão a subir se já está ser isto o que estamos a viver, imagina se os preços sobem”, disse um dos automobilistas.
No entanto, há também quem olhe para o eventual aumento do preço dos combustíveis como um processo normal do mercado, apesar dos constrangimentos que possam surgir. “Se disser que não me preocupo estaria a mentir. Mas procuro encarar com um processo normal. Quase tudo no País está a subir, porque é que com a gasolina seria diferente? Caso suba mesmo nestes dias temos que aprender a viver com os novos preços. Uma certeza tenho, não vamos morrer”, disse optimista o dono de uma viatura ligeira. Ideia semelhante tem uma funcionária de um dos escritórios de advogacia de Luanda. Para esta jurista, a melhor forma de lidar com o aumento do preço dos combustíveis é redefinir o uso da viatura. “Geralmente quando somos informados o preço já aumentou ou vai aumentar no dia, temos pouco a fazer. É só aceitar. Por isso, com os combustíveis mais caros devemos repensar a forma como usamos as nossas viaturas. Por exemplo, podemos partilhar o carro com o esposo ou filhos ao invés de cada um usar o seu, já é um começo”, disse.
Nos postos de abastecimento de combustíveis a conversa também gira em torno de um eventual aumento do preço nos próximos dias. “Nos últimos dias perguntam-nos muito se sabemos quando vai acontecer o aumento da gasolina. Mas também não sabemos nada”, disse o funcionário de um dos postos. Questionado se o posto tem registado maior fluxo de viaturas, garantiu que não e têm funcionado com normalidade.
Há muito tempo que a remoção dos subsídios aos combustíveis está em cima da mesa dos sucessivos governos. Mas só no ano passado, com a necessidade de desbloquear um financiamento de 500 milhões USD do Banco Mundial, é que o Governo decidiu avançar com esta medida que visa terminar com a subsidiação estatal que, só em 2022, custou quase 2,0 biliões Kz. A expectativa é que, em 2023, o início desse processo permitisse poupar alguns milhares de milhões. No entanto, isso acabou por não acontecer devido à depreciação em quase 40% do kwanza face ao dólar verificada no ano passado, que “provocou a contenção do potencial ganho fiscal com a reforma dos subsídios”.
Taxistas desgastados com cartões de subvenção de gasolina
As associações de taxistas em Luanda estão desgastadas com o funcionamento do sistema de cartões de subvenção de gasolina devido à demora nos carregamentos e também com a distribuição de novos cartões.
Desde que o foi implementado em Junho do ano passado, aquando do aumento do preço do litro da gasolina para 300 Kz, os cartões de subvenção estão regularmente debaixo de críticas devido a todo o processo de implementação. As mais recentes surgiram esta semana pelos líderes da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA) e Associação dos Taxistas de Luanda (ATL), tudo porque, segundo alegam, os seus associados estão a viver enormes dificuldades por falta de carregamento dos cartões e sua distribuição. Situação que poderá levar ao aumento do preço da corrida de táxi para minimizar as perdas.
Fonte: Expansão