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Apreendidas mais de 30 viaturas adaptadas para contrabando de combustível, 26 são de origem namibiana

Um total de 32 viaturas com depósitos adaptados, sendo 26 provenientes da República da Namíbia e oito de Angola, foram apreendidas na fronteira de Santa Clara, província do Cunene, quando uma rede de contrabando de combustível tentava retirar o produto do País para a vizinha Namíbia.

De acordo com o porta-voz da delegação do Ministério do Interior no Cunene (MININT), superintendente Piedade Pombal, citado pela página do ministério no Facebook, os veículos foram apreendidos nas bombas de Ondjiva, numa altura em que estavam a preparar-se para abastecer os depósitos, transformados para levar substancialmente mais combustível que nos originais.

A enorme fila de carros que havia nas bombas foi o que atraiu a atenção dos oficiais da polícia, que se dirigiram de imediato ao local para averiguar a situação, acabando por descobrir que eram viaturas que pretendiam abastecer vários depósitos com grandes dimensões que tinham como destino a Namíbia, onde o combustível, tanto gasóleo como gasolina, custam significativamente mais que deste lado da fronteira.

Os contrabandistas, segundo a polícia, compravam no País o litro de gasolina a 300 kwanzas e o de gasóleo a 130 kz e levavam para Namíbia, revendendo o litro de gasolina a cerca de 850 kz e o de gasóleo a 370kz, ainda assim ligeiramente mais barato que o preço médio praticado em bomba do lado de lá da fronteira.

Os depósitos das viaturas foram ajustados para suportar 200 e 600 litros de combustível (ver foto) e para escaparem da polícia, os homens usam vias clandestinas a fim de chegarem até ao território namibiano. As viaturas apreendidas durante esta operação são de marcas Toyota Land Cruiser, Raider e Hiace, conta o porta-voz da delegação do MININT-Cunene. Quantos aos protagonistas destas acções lhes serão aplicadas uma multa avaliada em mais de um milhão de kwanzas.

O que move o tráfico de combustíveis?

O tráfico de combustíveis de Angola para os países vizinhos é já uma actividade “económica” com tradição e todas as semanas as autoridades apreendem largos milhares de litros de gasóleo e de gasolina nas fronteiras da República Democrática do Congo e da Namíbia. Este “comércio” é motorizado pelo facto de os “comerciantes” conseguirem margens de lucro apelativas, para as quais contribuem os subsídios estatais em Angola que reduzem substancialmente o preço por litro pago na bomba face aos preços a que estes combustíveis são efectivamente adquiridos nos mercados internacionais.

Apesar da subida recente da gasolina de 165 Kz para 300 Kz, este valor ainda é substancialmente inferior ao que teria se não fosse um produto subsidiado e bastante abaixo do que é praticado tanto na RDC como na Namíbia, sendo que a diferença é ainda mais graúda no caso do gasóleo. Segundo dados de publicações internacionais da especialidade, o litro de gasolina no mercado internacional custa cerca de 750 a 950 kz actualmente, sendo o do gasóleo ligeiramente mais baixo.

Até que as refinarias em construção em Angola não estejam concluídas, no Lobito, Soyo e Cabinda, sendo que hoje apenas a de Luanda está a refinar crude, os ganhos dos contrabandistas de combustíveis sai directamente do orçamento do Estado angolano.

Se na Namíbia, o lucro por litro é, em média, de 600 kz, na gasolina, e pouco mais no gasóleo, na RDC esta margem sobe porque estes combustíveis são ainda mais caros, com a gasolina a custar mais de 1.100 Kz, ou perto de 3.000 francos congoleses.

Fonte: NJ

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