Nos últimos dias, o movimento de cidadãos nacionais na fronteira do Luvo, na província do Zaire, para comprar moeda estrangeira, em particular dólares, tem registado um crescimento fora do comum e muitos angolanos procuram a todo custo atravessar a fronteira da República Democrática do Congo (RDC), com milhões de kwanzas camuflados. A Polícia de Guarda Fronteira, assim como as autoridades aduaneiras, têm procurado impedir a saída do dinheiro, e, no fim-de-semana impediram um cidadão de atravessar com mais de 25 milhões, soube à imprensa junto de fontes policiais.
Apercebendo-se da escassez de dólares e da subida abismal da moeda estrangeira no País, muitos cidadãos congoleses procuram o posto fronteiriço do Luvo para vender de forma não oficial dólares a cidadãos nacionais.
Segundo fontes da Polícia à imprensa, vários são os cidadãos angolanos que procuram a fronteira por caminhos florestais distantes do posto fronteiriço do Luvo para chegar à vizinha RDC.
À imprensal soube que o movimento de procura de moeda estrangeira, em particular o dólar, por parte de cidadãos nacionais, cresceu muito na fronteira do Luvo desde a segunda semana deste mês e que diariamente muitos cidadãos são encontrados com milhões de kwanzas disfarçados nas mercadorias diversas que são levadas para a RDC.
Conforme a fonte, muitos cidadãos tentam entrar para o Congo de forma legal e quando são encontrados pelas autoridades com avultadas somas de kwanzas não declarados, dizem desconhecer as normas.
Um oficial da Polícia de Guarda Fronteira, destacado no posto fronteiriço do Luvo, contou à imprensa que a prática não é antiga, mas cresceu nos últimos dias de forma assustadora, com angolanos e congoleses a arriscar traspor a fronteira com avultadas somas.
“Temos apanhado muitos cidadãos a tentarem entrar na RDC por caminhos florestais distantes do nosso posto fronteiriço com milhões de kwanzas, às vezes encontramos também congoleses a viram para Angola com milhares de dólares”, descreve a fonte.
Entretanto, a moeda nacional (o kwanza) adquiriu um estatuto de moeda franca devido ao volume igualmente crescente de negócios entre os dois países, sendo que bens como combustíveis ou cerveja angolanos são banais no País vizinho.
Isso e a facilidade com que se consegue encontrar dólares norte-americanos na RDC a um preço mais baixo do que em Angola.
Na RDC, um dólar norte-americano custa menos de 500 kwanzas, dependendo do montante e do negócio que for feito, quando, em Angola, no mercado informal, para obter um dólar são necessários, actualmente, 800 kwanzas.
Uma cidadã nacional que regressou recentemente da RDC, onde esteve em tratamento, contou à imprensa que são muitos os angolanos que vão àquele País vizinho apenas comprar dólares e realçou que ficou assustada com o número de nacionais nesta condição.
Polícia Fiscal Aduaneira travou a saída de mais de 25 milhões de kwanzas para a RDC
No passado sábado, 24, um cidadão nacional foi interpelado pela Polícia Nacional Aduanaria quando tentava transpor a fronteira angolana para a República Democrática do Congo com mais de 25 milhões de kwanzas camuflados numa pasta.
Segundo a Polícia Nacional no Zaire, o individuo foi apanhado após revista das mercadorias que levava para a RDC e apreenderam consigo os milhões que tinham como finalidade a transacção cambial.
O superintendente-chefe Marcelino Calchão, comandante da Polícia Fiscal Aduaneira do Zaire, disse à imprensa que a prática de camuflagem é recorrente, com os cidadãos a esconderem o dinheiro nas mercadorias.
Segundo este comandante, muitos nacionais têm a prática de entregarem dinheiro a outros cidadãos que pretendem entrar para a RDC antes mesmo de chegarem ao posto fronteiriço onde são revistados.
“Muitos até distribuem entre um a dois milhões de kz, a outros cidadãos, com a mesma finalidade de chegar ao Congo. Mas este cidadão não foi a tempo”, disse.
Conforme este oficial superior, após cumpridas as formalidades administrativas, os mais de 25 milhões foram depositados na Conta Única do Tesouro.
A comuna do Luvu está localizada a 60 quilómetros de Mbanza Congo, capital da província do Zaire. O mercado existe desde 1980, esteve encerrado por dois anos, por conta da Covid-19, mas foi reaberto em Julho do ano passado, funcionando todos os fins-de-semana de maneira alternada nos dois territórios.
Fonte: NJ