
A janela a partir da qual se contempla a possibilidade de Angola pedir um novo empréstimo ao Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a abrir-se. E de forma oficial. A ministra angolana das Finanças, Vera Daves de Sousa, avançou na semana passada à agência Reuters que o Governo está a efetuar testes de stress para avaliar o impacto da queda do preço do petróleo nas finanças públicas. Dito de outra forma, a hipótese de Angola recorrer ao FMI está em cima da mesa.
A deslocação de uma equipa de responsáveis do FMI a Angola, no decurso desta semana, reforça a tese de que um acordo para um novo empréstimo concedido pela instituição com sede em Washington está cada vez mais próximo.
As dificuldades de tesouraria aumentaram em abril após Angola ter sido forçada a pagar 200 milhões de dólares ao JPMorgan, que exigiu este montante como garantia adicional de um empréstimo de mil milhões de dólares feito pelo banco norte-americano.
O cenário de um empréstimo do FMI já tinha sido avançado pelo Negócios em novembro de 2024. Nessa altura foi adiantado que a instituição estaria a ultimar um empréstimo ao Governo de Angola que se deveria situar entre os 3 e os 5 mil milhões de dólares. As autoridades protelaram o recurso a esta via, mas a deterioração das contas públicas aumentou a pressão de forma substantiva.
Em 2018, o FMI fechou com Angola um acordo de financiamento de 3,7 mil milhões de dólares que, em 2020, foi reforçado com mais 765 milhões de dólares. Pagos estes montantes, nos últimos anos, a relação entre o FMI e Angola tem-se baseado em programas de assistência técnica.
As projeções relativas ao desempenho da economia pioraram. O FMI, no seu “outlook” mais recente, reviu em baixa o crescimento económico de Angola de 3% para 2,3% em 2025, muito abaixo dos 4,5% registados no ano passado. A incerteza económica à escala global introduzida pelo Presidente do Estado Unidos, Donald Trump, penaliza todos os países sem exceção e, obviamente, Angola não foge à regra.
Fonte: AN