Angola tem uma estratégia abrangente e de longo prazo, mandada elaborar pelo Presidente da República, João Lourenço. A agenda “Angola 2050”, concluída em Fevereiro de 2023, já após a pandemia e tendo em conta o contexto do conflito armado entre Ucrânia e Rússia, envolveu “centenas de instituições nacionais e internacionais”, mais de mil entrevistas com grupos de interesse, incluindo a sociedade civil, academia, sector privado, instituições governamentais – no plano central e provincial – e multilaterais.
O Governo liderado por João Lourenço elaborou um plano a 27 anos, ou seja, até 2050, porque, nas palavras do Presidente da República, só assim, é possível estabelecer metas e compromissos “com soluções que suplantem os ciclos de planeamento quinquenais e anuais, e avaliar objectivamente os resultados obtidos”.
A abrir a “Estratégia de Longo Prazo Angola 2050”, uma mensagem do Presidente expõe que a principal preocupação na preparação deste documento foi a procura de um consenso alargado e transversal “capaz de resistir ao teste do tempo e de corresponder às justas expectativas de todos os Angolanos, em particular às dos jovens”.
João Lourenço diz que “o desenvolvimento do capital humano emergiu como elemento central nas prioridades até 2050”, ano em que o País terá cerca de 70 milhões de angolanos.
“É expectável que o crescimento populacional seja a nossa maior fonte de riqueza e crescimento, mas pode, igualmente, tornar-se um desafio caso não sejam criadas condições para a realização plena do seu potencial. As áreas da educação, da saúde, da família e da protecção social serão fundamentais”, refere o Chefe de Estado, acrescentando que “o capital humano deverá por sua vez contribuir e ao mesmo tempo beneficiar do desenvolvimento económico, num círculo virtuoso”.
E aponta o investimento nos sectores da agropecuária, pescas, indústria, recursos minerais e turismo, suportados por infraestruturas de energia e águas, transportes e telecomunicações, como a forma de acelerar o crescimento económico.
“Este crescimento para ser sustentado deverá permitir, por um lado o aumento da produtividade e, por outro, a melhor distribuição do rendimento entre os angolanos, assegurando assim, o aumento do emprego e o bem-estar económico”, refere.
João Lourenço, que destaca “a crescente integração e abertura de Angola ao mundo”, declara que na vertente económica o sector privado desempenha “um papel predominante”, dado que esta Estratégia de Longo Prazo “Angola 2050” assume como desígnios “a atracção de investimento, um melhor ambiente de negócios, a intensificação do comércio e um sector privado vibrante, ao serviço de uma Angola competitiva a nível regional e mundial”.
A valorização do ambiente e dos ecossistemas, nomeadamente das florestas e do mar, não é esquecida no discurso do Presidente da República, com mandato válido até 2027.
“O destaque que atribuímos ao sector privado será sinérgico com uma administração pública presente e cada vez mais eficiente. Trataremos da reforma do Estado e manteremos a enfâse nas funções basilares como a justiça e o harmonioso desenvolvimento territorial”, promete, acrescentando a valorização da cultura e desporto angolanos, “como elementos do desenvolvimento pessoal e social”, aos compromissos.
Segundo o documento consultado pelo Novo Jornal, a Estratégia de Longo Prazo – Angola 2050 é um plano bifocal, “com uma visão clara do que se pretende para o País no futuro mas articulando de forma clara e decisiva as iniciativas de curto prazo que assegurem a direcção certa”.
Trata-se, segundo o grupo de trabalho, de “um plano realista”, sendo as aspirações e decisões que nele constam “baseadas em factos”, e “reconhecendo-se à partida que projectar o futuro a 30 anos não é uma tarefa fácil”.
“Seria tentador projectar cenários ideais de crescimento económico e social que nunca seriam materializados e que inevitavelmente originariam uma rápida divergência entre a estratégia e a realidade, conduzindo a uma perda de confiança pública”, é referido no texto, onde se acrescenta: “Em vez disso, procurou-se agir de forma corajosa, tomando decisões difíceis num contexto de recursos limitados. Para garantir a consistência da estratégia, adoptou-se uma abordagem simultaneamente do topo para a base, definindo metas globais e sectoriais, e da base para o topo, avaliando o realismo e implicações das metas traçadas. Esta abordagem assegura que a trajectória de progresso proposto está em linha com casos comparáveis, tendo em conta o ponto de partida do País e os recursos de que dispõe”.
Nesta agenda “Angola-2050” foram desenvolvidos, segundo o documento de mais de 400 páginas, um cenário conservador, um cenário base e um cenário optimista.
Fonte: NJ