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Cazenga: Mesmo com mortes de crianças na vala da 7ª Avenida, GPL e administração continuam em silêncio

Há vários meses que os moradores da 7.ª Avenida, no município do Cazenga, Luanda, clamam por socorro do Governo Provincial de Luanda (GPL) e da administração municipal do Cazenga para uma intervenção na vala que atravessa esta rua de forma a evitar mais mortes.

Com pelo menos quatro mortes, três crianças, em menos de um ano, embora existam suspeitas de várias outras, nem o GPL nem a administração parecem decididas a fazer o que é preciso, tapar ou vedar o acesso directo ao curso de água que está permanentemente carregado de lixo sobre às águas sujas acumuladas.

A vala foi aberta por uma empresa que efectuava obras de reabilitação da estrada, enquadrada no Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), mas a administração municipal do Cazenga rescindiu o contrato, deixando aquela avenida abandonada.

No passado dia 5, a morte voltou a causar dor aos munícipes do Cazenga, quando um menino de sete anos, que brincava próximo da vala, caiu e morreu afogado.

Esta segunda-feira,17, à imprensa voltou ao local, decorridos três meses após a primeira visita e conversou com os moradores que se mostram agastados com o estado de abandono das obras, sob o olhar silencioso da administração municipal do Cazenga e do GPL.

Águas verdes, pneus e lixo ao longo da escavação é o cenário que à imprensa voltou a encontrar naquela via, cujas obras começaram em Março do ano passado.

Como a escavação é profunda, o que impossibilita a travessia de um lado para o outro, alguns jovens do bairro construíram uma ponte improvisada para ajudar a travessia, mas cobram por passagem 50 kwanzas.

Sem alternativa, os moradores são obrigados a pagar a quantia para evitarem andar longas distâncias para atravessar.

Mais o que os preocupa mesmo não é a cobrança dos 50 kwanzas por travessia, mas sim a escavação abandonada pelo empreiteiro que tem causado mortes.

Mauro Durão, um dos habitantes da zona, contou ao Novo Jornal que a grande preocupação reside nesta época chuvosa, que torna o perigo mais iminente.

Como Mauro Durão, estão também preocupados os munícipes Luciano António, Fernando Domingos e Manuel Quintas, que asseguram que o alerta foi dado há muito tempo e que, infelizmente, a administração municipal do Cazenga faz “vista grossa”.

Ao Novo Jornal os moradores afirmaram que sempre que chove há deslizamento de terras e asseguram haver quintais, muito próximos, que estão em risco de desabar.

Nas proximidades existem várias casas abandonada cujos proprietários decidiram sair do perímetro por precaução devido à vala aberta.

“Sempre que chove ficamos com o coração nas mãos porque não sabemos o que fazer. É um risco andar por aqui na época de chuvas. As poucas passagens que temos estão em risco de desabar e isso nos preocupa muito”, disse a mulher, acrescentando que “há muitas quedas de pessoas na vala”.

Segundo os moradores, em 2022 três crianças morreram quando brincavam próximo à escavação.

A terceira morte acorreu no mês de Novembro, quando um adolescente, de 14 anos, caiu no local e afogou-se, quando jogava à bola. A quarta acorreu no dia 5, trata-se de um menino de sete anos.

Os munícipes, que se mostram consternados, dizem que são várias as pessoas que nesta época chuvosa têm caído na vala por falta de protecção do perímetro.

Entretanto, os munícipes lamentam o silêncio das autoridades, mesmo após a morte de quatro crianças em consequência das chuvas.

As obras, da 7.ª Avenida, estão previstas no Plano Integrado de Intervenção dos Municípios (PIIM) que o município do Cazenga tem em carteira.

Em Março último, a administração municipal do Cazenga anunciou que os trabalhos de reabilitação da 7.ª Avenida retomariam naquele mês e que os mesmos durariam dez meses, passado um mês, desde o anunciou, nada se vê de intervenção naquela avenida.

Sobre este assunto, o Novo Jornal tentou ouvir o administrador municipal do Cazenga, Tomás Bica, assim como alguém da sua área técnica, mas sem sucesso.

Fonte: NJ

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