
O antigo homem forte do José Eduardo dos Santos diz que há confusão nas acusações do Ministério Público e garante que Manuel Vicente era o responsável pelas operações financeiras entre o Estado e o CIF.
O general Manuel Viera Dias Júnior “Kopelipa” negou em tribunal ter-se apropriado de imóveis de projectos habitacionais do Estado, de que é acusado pelo Ministério Público, e disse que Manuel Vicente era o responsável pelas operações financeiras do Estado envolvendo a empresa China international Found (CIF). “Não me apropriei de nenhum edifício, porque não dividi nenhum projecto”, respondeu quando questionado pela juíza relatora do processo.
“Kopelipa”, que esteve a responder esta semana pelas acusações do Ministério Público, disse que Manuel Vicente foi designado pelo então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, como coordenador da Comissão de Cooperação entre Angola e a China Internacional Found Hong Kong.
Trata-se da empresa responsável pelas primeiras operações financeiras realizadas em Angola e que veio dar origem à CIF Angola e à China Sonangol Internacional. Para o general na reserva, há “confusão” nos factos apresentados pelo Ministério Público, que são “inverídicos”.
Segundo o Ministério Público Manuel Vicente e “Kopelipa” terão dividido, para proveito próprio, o projecto habitacional Zango Zero em duas partes, uma pública e outra privada. Ainda segundo o MP, de seguida, a empresa China International Fund Limited apropriou-se de pelo menos 22 edifícios do Estado, construídos pela empresa Guangxi, nesta centralidade, bem como contratou a empresa Delta Imobiliária, que os vendeu à Sonangol-EP, através da SONIP, mediante orientação de Manuel Vicente, pelo valor global de 474 milhões de USD.
Paradoxalmente, apesar de não aparecer neste processo como arguido, Manuel Vicente é citado em vários momentos na acusação do Ministério Público, que garante que o ex-patrão da Sonangol terá prejudicado, em conjunto com os dois generais, o Estado em pelo menos 474 milhões de dólares. Isto porque segundo a acusação os dois arguidos e Manuel Vicente ter-se-ão apropriado de 22 prédios pagos pelo Estado às construtoras chinesas. Mais tarde, terão vendido esses prédios à SONIP Limitada, recorrendo a uma empresa denominada Delta Imobiliária, que de acordo com o MP pertence aos dois arguidos “Kopelipa” e “Dino”, bem como a Manuel Vicente.
O Ministério Público diz que estes edifícios foram construídos pelo Estado mediante contrato com o Gabinete de Reconstrução Nacional (GRN), pagos inicialmente pela Sonangol”, lê-se na acusação. Esta semana, “Kopelipa” afirmou que não houve qualquer contrato de empreitada entre o GRN e a CIF.
Segundo o arguido, a relação entre estas empresas terá decorrido de um memorando de entendimento que tinha como obrigação assegurar um quadro de incentivo ao programa de investimento desta empresa de origem chinesa, entre os quais o desembaraço aduaneiro de mercadorias, para pagamento posterior, bem como assegurar acesso aos terrenos, segurança protectiva à implementação dos seus investimentos.
A acusação diz ainda que o GRN emprestou 150 milhões USD à China Sonangol International Limited para avançar com investimentos em Angola, mas “Kopelipa” negou, respondendo que “o GRN não tinha nas suas atribuições competência para ceder empréstimos”, nem tão pouco qualquer tipo de relação com esta empresa.
Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa” é arguido no processo juntamente com o também general Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, Fernando Gomes dos Santos, Yiu Haiming, e as empresas China International Found (CIF), Plansmart International Limited e Utter Right International Limited, está acusado de crimes que vão desde o peculato, burla por defraudação, associação criminosa falsificação de documentos, branqueamento de capitais e tráfico de influência.
Fonte: Expansão