A Organização da Mulher Angolana (OMA) vai disponibilizar, brevemente, cinco milhões de kwanzas para realização de cirurgias às mulheres com fístulas obstétricas, através de campanhas a ser promovidas por médicos angolanos e estrangeiros.
Segundo a secretária do departamento da acção social e cidadania da OMA, Manuela Gaspar, a ideia é apoiar o trabalho desenvolvido pelos médicos encabeçados pela obstetra Manuela Mendes, que promovem campanhas para realização de cirurgias de reparação.
Explicou que o dinheiro foi doado por um parceiro da organização, que se sentiu sensibilizado pelo drama das mulheres que padecem desta enfermidade, pelo que a OMA vai continuar a procurar financiamento de modo que a abranger um maior número de doentes.
A responsável falava no primeiro encontro sobre fístula obstétrica que a OMA organizou nesta quarta-feira com líderes religiosas, parteiras tradicionais e outros parceiros com objectivo de mobilizar as pacientes com esta enfermidade, de que a doença tem cura e é tratada no país e sem custos adicionais.
Na ocasião, a também directora do Hospital Materno Infantil Azancott Menezes, a médica obstetra Manuela Mendes, realçou que fístula é um problema de saúde pública e, mais importante que a sua reparação, é a sua prevenção.
Oito mil mulheres vivem com a doença
Informou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que haja em Angola oito mil mulheres a viver com a doença, sendo que desde 2016 até a presente data foram operadas duas mil pacientes em campanhas de reparação em todo o país.
Acrescentou que a próxima campanha arranca a 7 de Janeiro de 2023 na província do Bié, onde poderão se dirigir às mulheres de todo o país por ter um hospital, o Walter Strangway, que oferece todas as condições para receber pacientes e operar.
Por isso, afirmou que esforços continuam a ser envidados para que mais parceiros se juntem à causa, de modo a evitar a doença, que deixa a mulher numa situação grave, quer em termos físicos, quer psicológicos.
Lamentou o facto de existirem no país poucos médicos nesta especialidade, sendo a equipa formada apenas por quatro profissionais médicos, dos quais dois estrangeiros e igual número angolanos, estando a fazer advocacia para que se abra no país uma escola de diferenciação de cirurgiões para reparação das fístulas.
Já a secretária nacional adjunta da OMA, Maria Esperança Pires, que fez a abertura do encontro, pediu a colaboração das igrejas pelo seu papel mobilizador e pela mensagem eficaz que podem fazer chegar às pessoas para acabar com este mal.
Fístula é uma ruptura do canal vaginal causada por partos demorados e conduzidos de forma inapropriada. Pode causar incontinência urinária e, em casos mais extremos, vazamento de fezes.
Na ausência do tratamento pode desembocar em infecções crônicas e inclusive infertilidade na mulher.
Fonte: Angop