
O ambiente nos bastidores da hotelaria de luxo em Angola está longe de ser tão acolhedor quanto os serviços oferecidos aos clientes. Os trabalhadores dos hotéis Alvalade, Trópico, Baía e HCTA — todos pertencentes ao grupo internacional TD Hotels — estão prestes a cruzar os braços, face ao que consideram uma gestão abusiva, clima laboral tóxico e exploração da força de trabalho.
O anúncio foi feito esta terça-feira pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Comércio, Hotelaria e Turismo de Angola (SINTCHA), durante uma conferência de imprensa realizada em Luanda. Segundo o vice-presidente da organização sindical, Filipe Zua, os trabalhadores estão em “estado de alerta”, e uma greve pacífica está marcada para o dia 16 de maio, caso não haja uma resposta concreta da entidade patronal.
“Recebemos uma carta no dia 5 de março, assinada por trabalhadores dos quatro hotéis do grupo, denunciando más práticas de gestão, condições de trabalho degradantes e total ausência de diálogo com a direção”, revelou Filipe Zua.
O sindicato afirma ter tentado, sem sucesso, estabelecer contacto com a administração do grupo em Angola. Para surpresa da entidade sindical, a única resposta recebida veio da sede do grupo, em Portugal — resposta essa considerada insatisfatória tanto pelos trabalhadores quanto pelo sindicato.
“O que vimos foi uma total indiferença à realidade dos trabalhadores angolanos. A administração em Portugal respondeu de forma vaga e evasiva, sem se comprometer com soluções concretas”, acrescentou o sindicalista.
A assembleia geral dos trabalhadores está agendada para o dia 6 de maio, momento em que será tomada a decisão final. Se a greve for confirmada, o país poderá assistir a um protesto inédito no setor hoteleiro de alta gama, protagonizado por profissionais que até hoje têm sido o rosto do acolhimento turístico em Angola — mas que, nos bastidores, relatam estarem “à beira do colapso”.
Apesar das tentativas, a equipa de reportagem não conseguiu ouvir a administração do grupo TD Hotels em Angola até ao fecho desta edição.
A possível greve poderá afetar não só os serviços prestados aos hóspedes, como também a imagem do grupo no mercado angolano.