Á imprensa confirmou que foi comunicado às companhias aéreas o fim de semana de 11 a 13 de Outubro para a entrada em funcionamento dos voos de passageiros no novo aeroporto. Contrariamente ao anunciado, será uma mudança simultânea para voos nacionais e internacionais. Mas ainda faltam superar alguns desafios que exigem o empenho de vários sectores.
A activação de um aeroporto é uma tarefa muito complicada, porque envolve inúmeros sectores, a instalação de centenas de equipamentos, a formação de milhares de trabalhadores, a construção de novas unidades de apoio, a adaptação das infraestruturas à forma de trabalhar de cada entidade, a interligação entre os serviços de diversas empresas e ministérios, sendo que a falha de apenas um acaba por inviabilizar todo o projecto. Para se ter uma ideia, o novo aeroporto do Dubai, apesar de ter uma dimensão muito superior, levou quatro anos entre o fim das obras e a activação.
No caso do Aeroporto Internacional Dr. Agostinho Neto (AIAN), apesar de ter sido anunciado na cerimónia de inauguração que a transição dos voos de passageiros seria feita em duas fases, primeiro os voos domésticos e depois os internacionais, está agora assumido que a mudança será feita em simultâneo. Entende-se esta opção, porque não haveria qualquer possibilidade de os passageiros fazerem ligações entre os voos domésticos e internacionais, devido à distância entre o aeroporto 4 de Fevereiro e a nova estrutura aeroportuária, além das dificuldades de mobilidade rodoviária durante os dias de semana.
A imprensa também confirmou que esta semana foi comunicado às companhias aéreas que a mudança dos voos de passageiros para o AIAN será no fim de semana de 11-13 de Outubro, ou seja, daqui a sete meses. Para que isto aconteça ainda é necessário vencer uma série de desafios e revolver vários constrangimentos em que estão envolvidos diversos ministérios e várias entidades com tutelas diferentes.
Comecemos pela questão da dívida que existe ao empreiteiro, ao que à imprensa apurou acima dos 200 milhões USD, o que não ajuda numa altura em que é preciso mobilizar a empresa para finalizar as obras com alguma rapidez. Apesar de ser uma empresa estatal chinesa, o não pagamento deste valor pode ter implicações nos prazos estabelecidos. Ou pelo menos, na disponibilidade de mais meios para a empreitada.
Um segundo aspecto importante tem a ver com a entrada do novo operador. O concurso internacional está a decorrer, as propostas serão recebidas até ao final deste mês e, na melhor das hipóteses, o acordo com o operador que vai gerir o novo aeroporto só deverá acontecer em Setembro. Ou seja, o Operador Temporário do Aeroporto (ATO) vai ter de contratualizar com várias entidades para pôr em funcionamento o aeroporto, mas vai ter de deixar espaço para que o novo operador possa depois trazer os seus parceiros. Algumas serão decisões definitivas, mas outras serão transitórias.
Por exemplo, quando falamos das lojas comerciais, a pretensão é abrir com um número mínimo junto de cada terminal (loja de souvenirs, restauração, cafés, free shop, etc.), cerca de 40% do espaço comercial, deixando os restantes 60% para serem comercializados pelo novo operador. As informações prestadas ao Expansão dão conta que já existem negociações com estes primeiros lojistas.
Combustível e handling
Nesta altura existem tanques provisórios de combustível a funcionar no novo aeroporto, mas garantiram à imprensa que a Fuel Farm, depósito definitivo, estará pronta até Junho. A forma como o combustível chega ao novo aeroporto também já está decidida, será por transporte ferroviário nocturno, uma vez que durante o dia a linha vai servir os passageiros e os trabalhadores. Não existem pipelines de ligação à nova estrutura. Ainda se falou na possibilidade da construção de um que ligasse o AIAN ao terminal oceânico do Dande, mas, devido à distância e à situação actual do País, foi descartada. Também rapidamente se percebeu que o abastecimento rodoviário, com camiões, não era viável. Resta o comboio.
Acrescente-se que, dentro das normas da IATA, são necessários vários fornecedores de combustível, o que implica que é necessário resolver como é que o combustível chega à linha férrea e como é levado do terminal ferroviário do novo aeroporto para a Fuel Farm. Relativamente a este último trajecto, foi-nos confirmado que poderá ser feita uma conduta subterrânea, uma obra para três meses se começar hoje, pelo que não é um problema. Já sobre a forma como o combustível vem da refinaria de Luanda e dos tanques de outras empresas, possivelmente terão de ser feitos alguns investimentos.
Fonte: Expansão