Venâncio Mondlane diz que encontro só depende do Presidente
“Peço ao Presidente da República de Moçambique que a gente tenha um encontro virtual, o senhor em Moçambique, eu onde estou. Vamos virtualmente falar. Isso é possível. E se possível, esse encontro virtual que seja transmitido, que seja mostrado ao público”, afirmou hoje Venâncio Mondlane, numa intervenção em direto a partir da sua conta oficial na rede social Facebook.
“Aqui está, estou a deixar esse assunto consigo (…). Estou disponível, estou ansioso para que a gente tenha um encontro virtual. Tudo depende de si, se não acontecer o encontro é porque o senhor não tem interesse”, acrescentou o candidato presidencial, que não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro e que se encontra fora do país, alegando motivos de “segurança”.
“A qualquer momento o senhor pode-me localizar, sabe muito bem como me localizar, não pode dizer aquilo que disse, que não sabe onde o Venâncio está”, apontou.
Mondlane insistiu que o “encontro virtual” só depende do chefe de Estado moçambicano: “Se o senhor estiver interessado, também os processos ilegais que foram movidos contra mim, processos-crime, mandados de captura, indemnizações de milhões de dólares que eu tenho de pagar, o senhor sabe muito bem o que tem de fazer com isso. Então, se tem interesse no seu povo, então o senhor sabe muito bem como dialogar comigo e como criar todas as condições para que haja diálogo, que haja um roteiro de paz em Moçambique”.
Se esse encontro não acontecer, Venâncio Mondlane responsabiliza Nyusi pela falta de “paz” e “tranquilidade” em Moçambique.
Pelo menos 12 pessoas morreram e outras 34 foram baleadas na nova fase de manifestações e paralisações de contestação aos resultados eleitorais iniciada na quarta-feira, indicou hoje a Organização Não-Governamental (ONG) Plataforma Eleitoral Decide.
Segundo o relatório divulgado por aquela plataforma de monitorização eleitoral moçambicana, com dados até às 07:30 de hoje (menos duas horas em Lisboa) sete das vítimas mortais foram registadas na província de Nampula e uma em Maputo, havendo registo, ainda, de duas mortes em Cabo Delgado, uma em Inhambane e outra em Sofala.
Dos feridos, baleados, 20 registaram-se em Nampula, sete na província de Cabo Delgado, três em Sofala, duas em Inhambane, uma na Zambézia e outra em Maputo.
Estes casos somam-se a outros 76 mortos e 240 pessoas baleadas em 41 dias de manifestações de contestação dos resultados eleitorais, de 21 de outubro a 01 de dezembro, segundo o relatório anterior daquela plataforma de monitorização eleitoral, que estimou ainda “mais de 3.000 detenções”.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou a uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, a partir de quarta-feira, em “todos os bairros” de Moçambique, com paralisação da circulação automóvel.
“Todos os bairros em atividade forte”, disse Venâncio Mondlane, convocando este novo período de contestação de 04 a 11 de dezembro.
“Vão-se concentrar nos bairros e nas avenidas principais que atravessam os nossos bairros, – não temos necessidade de fazer grandes deslocações -, levantando os nossos cartazes”, disse.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições de Moçambique (CNE), em 24 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição para Presidente, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
Fonte: LUSA