O MPLA diz que um eventual terceiro mandato presidencial de João Lourenço é um “não assunto”. Mas analista está cético e considera que este é um assunto ainda por esclarecer. JLo não dá sinais do que pretende fazer. O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) deixou claro que um eventual terceiro mandato do Presidente angolano, João Lourenço, é um “não assunto” e uma discussão “extemporânea”.
O porta-voz do partido no poder, Esteves Hilário, disse na passada sexta-feira (31.05) que também é muito cedo discutir quem vai ser o candidato presidencial do MPLA nas eleições de 2027, uma decisão que cabe ao Comité Central. Apesar destas declarações, reina o ceticismo em alguns segmentos da sociedade.
O ativista Nelson Mukazo diz que este posicionamento do MPLA não dissipa as dúvidas sobre se João Lourenço vai ou não tentar um terceiro mandato presidencial. “Os políticos têm muito disso, de tentar distrair as pessoas, mas há surpresas na política partidária. Então, não basta uma palavra do Esteves Hilário.”
Difícil, mas não impossível
Para que João Lourenço, que cumpre o segundo e último mandato previsto na Constituição, possa concorrer às eleições de 2027, será preciso uma revisão constitucional. A lei magna angolana só prevê dois mandatos presidenciais consecutivos. O MPLA diz que “não há razões” para falar desse assunto, porque não faz parte da sua agenda política.
Oficialmente, não há indicações de um movimento para rever a Constituição, embora alguns militantes do partido no poder desabafem, nos corredores, que dois mandatos presidenciais não são suficientes para resolver os problemas no país. “Começa a ficar cada vez mais complicado para que João Lourenço consiga fazer uma engenharia de forma a inverter o quadro”, comenta Cláudio Fortuna.
O investigador entende que as probabilidades de um terceiro mandato no atual cenário político são muito reduzidas, mas “não é algo impossível”.
Quem substituiria JLo?
Enquanto se debate um eventual terceiro mandato, também já se cogitam rostos para assumir as presidências do MPLA e de Angola. Fala-se, por exemplo, de nomes presidenciáveis como de Pitra Neto, Adão de Almeida e Isaac dos Anjos. Contudo, na opinião do investigador Cláudio Fortuna, o general na reserva Higino Carneiro, membro do Comité Central do MPLA, está na “pole position”.
Fortuna vê no político potencial para assumir a liderança do partido e depois disputar a Presidência da República. “Por um fator muito simples: é um negociador-mor, é uma figura bem relacionada, com uma capacidade de intervenção acima da média. Aliás, ele foi sempre um delfim do ex-Presidente, José Eduardo dos Santos.”
Higino Carneiro tem sido frequentemente referido em vários círculos como possível candidato à liderança do MPLA. Mas o partido, que sempre governou Angola, diz que estes são assuntos que deverão discutidos apenas no congresso ordinário de 2026.
Fonte: DW/AN