O Tabagismo é considerado uma doença crónica causada pela dependência do uso de cigarros ou outros produtos que contenham tabaco, cujo princípio activo (droga) é a nicotina. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o tabagismo deve ser considerado uma epidemia generalizada, pelo facto de ceifar milhares de vidas e anualmente matar mais de oito milhões de pessoas.
Deste número, destacam os dados da OMS, mais de sete milhões são mortes causadas pelo uso directo do tabaco, enquanto que 1,2 milhão é por serem fumadores passivos, expostas ao fumo.
De acordo com a OMS, o uso de tabaco é responsável por inúmeras doenças e é das principais causas do cancro de pulmão, além de estar associado a outras doenças crónicas não transmissíveis, como a hipertensão e diabetes, por conta das substâncias altamente tóxicas que possui. Os dados da OMS indicam, também, que quase 80 por cento dos 1,1 bilião de fumantes do mundo vivem em países de baixa e média rendas, sendo que a fumaça do tabaco contém mais de sete mil compostos e substâncias químicas, e, no mínimo, 69 destes compostos e substâncias, provocam vários cancros.
Dentre estas substâncias estão a nicotina, alcatrão, amônia, monóxido de carbono, cetonas, solvente (benzeno), metais pesados (chumbo e cádmio), níquel, arsênico e agrotóxicos (DDT).
Os estudos feitos pela OMS demonstram, também, que o tabaco tem sido utilizado na forma de cigarro comum, de palha, cigarrilha, narguilé, cachimbo e charuto, assim como podem ser mascados (fumo de rolo) ou aspirado (rapé).
Para este ano, a OMS escolheu o tema “Precisamos de comida, não de tabaco, plante comida não tabaco”, como forma de demonstrar que o cultivo e a produção de tabaco causam danos ecológicos globais.
Outro motivo que levou a OMS a escolher este lema para 2023 é o de reduzir a taxa de prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consumo de derivados do tabaco.
A escolha do tema surge, também, para mobilizar Governos e outros decisores em apoiar os agricultores a mudarem suas plantações para culturas sustentáveis e nutritivas, de forma que as novas colheitas alimentem famílias e milhões de pessoas em escala global.
A data
O 31 de Maio foi institucionalizado como Dia Mundial Sem Tabaco, em 1987, pela Organização Mundial da Saúde, para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo.
A escolha do dia tem como objectivo chamar a atenção para a epidemia do tabaco e as mortes que causa, informando o público sobre os perigos do uso de tal substância, as estratégias da indústria do tabaco e as acções da OMS para o controle do tabagismo.
A celebração da data visa, igualmente, informar as pessoas sobre o que podem fazer para ter uma vida saudável e proteger crianças, adolescentes e jovens das consequências devastadoras do consumo do tabaco quer seja de forma activa como passiva.
Alerta para o número de pacientes
Em Angola, apesar de nunca ter sido feito um estudo de base populacional para saber quantas pessoas usam o tabaco, ainda assim o número de pacientes que acorrem em hospitais com problema do pulmão derivado do uso desta droga é elevado.
O médico pneumologista do Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonar Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, Elias Gonçalves, disse que, durante o único dia de consulta que tem por semana, dos 15 pacientes que assiste, em média, dois apresentam problemas no pulmão causados pelo consumo do tabaco.
Elias Gonçalves explicou que isto perfaz uma média mensal de oito pacientes afectados pelo uso do tabaco, quer seja de forma activa como de forma passiva, que geralmente aparecem com as doenças pulmonares obstrutivas crónicas, como bronquites, pneumonias e cancros do pulmão.
De acordo com o pneumologista, muitos destes pacientes chegam ao hospital com queixas de tosse crónica, cansaço e quando realizam os exames são descobertas lesões pulmonares gravíssimas e na maior parte das vezes irreversíveis. Na opinião do pneumologista existem outras doenças do fórum neuropsiquiátricos como ainda no foro cardiovascular, causadas pelo uso do tabaco. Lamentado que nos últimos tempos, está a crescer o número de jovens que consomem outras substâncias afins, como o cigarro electrónico e a canábis que também causa as doenças já referenciadas.
Elias Gonçalves felicita o Executivo, por estar a levar a cabo uma série de acções como é o caso de legislação que agrava a taxa de importação do tabaco, como forma de desincentivar todos que insistem em comercializar este produto.
Causa de vários cancros e infertilidade
A directora clínica do Centro Nacional de Oncologia, Sales Cândido, disse que o uso do tabaco causa doença crónica pela dependência a nicotina que é uma das drogas mais pesadas que existem, embora muitos não o saibam.
A oncologista clínica explicou que a droga provoca transtornos mentais, do desenvolvimento comportamental e é responsável pelo surgimento de um grupo de cancros, nomeadamente o do pulmão, da bexiga, colo do útero, pâncreas, fígado, esófago, rim, cordas focais, cavidade oral, faringe, estômago, traqueias e os tumores da cabeça e pescoço.
A maior parte destes tumores, frisou, são diagnosticados tardiamente e muitos dos pacientes acabam por morrer, porque o sucesso no tratamento das doenças cancerígenas está no diagnóstico precoce.
“Os cancros causados pelo uso do tabaco acometem mais os órgãos essenciais do corpo humano. Daí o apelo à população, para se esforçarem em adoptar hábitos e estilos de vida mais saudáveis, de forma a evitarmos as mortes, muitas delas ainda na flor da idade”, acentuou.
Além dessas patologias, prosseguiu, o uso do tabaco causa ainda aborto ou nascimento prematuro (no caso das gestantes), baixa imunidade do organismo (predisposição para gripes e tuberculose), impotência sexual e infertilidade.
Fonte: JA