A Sonangol registou, no exercício económico de 2022, um volume de negócios de 12,6 mil milhões de dólares, correspondentes a um resultado operacional (EBITDA) calculado em 4,9 mil milhões.
A informação foi avançada, sexta-feira, em Luanda, pelo presidente do Conselho de Administração da petrolífera angolana, Sebastião Gaspar Martins, durante a conferência para apresentação do balanço provisório de desempenho.
O gestor disse que a empresa está presente em cerca de 35 concessões na qualidade de parceira, sendo actualmente a operadora em nove concessões que permitiram elevar os direitos ao petróleo para 18 por cento da produção nacional, equivalente a uma produção de 200 mil barris de petróleo por dia. Estes indicadores, avançou, têm incidência directa no aumento da produção nacional de gasolina em 3 a 4 vezes e aumento da poupança para suprir as necessidades do mercado interno e fornecimento aos países fronteiriços.
Sebastião Gaspar Martins faz uma avaliação optimista sobre o desenvolvimento da refinação e petroquímica, onde realça o relevante protagonismo da produção de gasolina pela Refinaria de Luanda, cujas obras de ampliação foram recentemente concluídas com sucesso, a chegada ao país dos equipamentos da refinaria do Soyo, com capacidade para processar 100 mil barris de petróleo por dia. A chegada dos equipamentos para a Refinaria de Cabinda, que terá, numa primeira fase, um potencial para processar 30 mil barris por dia e mais 30 mil barris na fase subsequente, perfazendo 60 mil.
Constituem outros elementos preponderantes, sem desprimor para o facto de os trabalhos de construção da Refinaria do Lobito, desenvolvidos na íntegra sob responsabilidade da petrolífera nacional, terem retomado após um período de interrupção devido aos condicionalismos impostos pela pandemia da Covid-19. “Em 2022, a Sonangol consolidou o foco na cadeia de valor com resultados positivos, num contexto de transição energética, o que quer dizer que estamos cientes do período de transição energética que estamos a viver, mas mantemos o foco na nossa cadeia de valor.
Definimos uma estratégia de transição energética em que focamos a nossa actividade, principalmente, nos hidrocarbonetos, tendo como base o gás”, disse. Entre os procedimentos da empresa, o responsável sublinha a entrada em funcionamento de vários comités de controlo e que são constituídos, principalmente, por membros não executivos na sua coordenação, ou seja, os comités de auditoria, de governo, de riscos, de remuneração e benefícios, que permitem que a Sonangol possa desenvolver essa actividade com um controlo e equilíbrio, sem correr riscos de ter uma governação descoordenada.
Destacou, por outro lado, a reactivação da actividade de avaliação de desempenho para fazer com que os trabalhadores possam ser avaliados e tenham o resultado deste processo em termos ou de promoção ou de formação, que é o que mais precisa a empresa. “Preparamos aquilo que hoje é fundamental para qualquer instituição como a nossa que pretenda ir para o mercado à procura de financiamentos, em que nos exigem já o relatório de ESG (Environment Social and Governance, na sigla inglesa), fundamental para qualquer empresa que pretenda hoje aderir ou aceder a financiamentos internacionais, sem perder de vista que fizemos parte da Iniciativa Internacional para Transparência”, avançou. Sobre a expansão no mercado regional, Sebastião Gaspar Martins disse que “estamos a fazer algumas vendas ao nível da República Democrática do Congo (RDC) e ao nível da Namíbia. Estamos cientes da transição e então caminharmos para as energias renováveis, usando as receitas geradas a partir da nossa principal actividade que é ainda o Oil & Gas”.
Negócios crescem
O PCA da Sonangol informou que a Refinaria de Luanda forneceu, para o consumo interno, um total de 2.3 mil milhões de derivados, durante o ano 2022, marcado pela manutenção da autosuficiência em Jet A1 e produção de derivados de petróleo como a gasolina e redução da importação de derivados no mercado internacional.
No período em referência, o gestor destaca, também, um projecto que vai permitir que o país possa ter gás adicional disponível para “fornecer à fábrica de fertilizantes no Soyo”, isto é, o projecto Falcão II, que vai adicionar 50 milhões de pés cúbicos provenientes da fábrica de LNG e que vai ser aplicado na produção de fertilizantes quando a fábrica estiver concluída. Nas energias renováveis fez referência ao projecto Caraculo, no Namibe, que tem parceria com a multinacional ENI, encontrando-se na primeira fase com 90 por cento de progresso, no qual serão produzidos 25 Megawatts (MW) na primeira fase e mais 25 MW na segunda fase.
“Estamos na província da Huíla com a Total, onde vamos produzir inicialmente 35 Megawatts e, posteriormente, adicionar o equivalente que permitirá atingir os 80 Megawatts numa segunda fase”, anunciou. A Sonangol, disse o gestor, está com um grupo alemão, constituído pela GAF e a Conjunta, para poder também passar a produzir hidrogénio verde, que deve estar localizado junto do terminal Oceânico da Barra do Dande, com capacidade de produção equivalente a 280 mil toneladas, no ano que este estiver em pleno funcionamento. “Em termos estatísticos, a entrega de gás em 2022 não foi de grande quantidade.
Em termos de gás natural, entregámos 38 milhões de pés cúbicos por dia em média, divididos entre a Central de Ciclo Combinado do Soyo e a Central do Malengo. A média de entrega e consumo de LPG (gás doméstico) foi de 1 223 toneladas métricas, dia”. No domínio do tradding e shipping, acrescentou Sebastião Martins, foram exportados 56,9 milhões de barris, em termos de produtos refinados foram exportados o equivalente a 1,0 milhão e 55 toneladas métricas de refinados, assim como LPG na ordem dos 93.5 mil toneladas métricas.
Revelou que a frota que suportou todo esse processo é composta por 35 navios, 9 dos quais do tipo Suezmax, com capacidade para 1 milhão de barris e três navios de LNG. Os restantes estão ligados à actividade de Cabotagem ao longo da costa angolana. “Estamos a vender, com alguma timidez ainda, mais produtos para a República Democrática do Congo e Namíbia.
No domínio da distribuição e comercialização, tivemos nove terminais em operação, 10 instalações de armazenamento em terra, 341 postos de abastecimento pertencentes à Sonangol e 15 aeroinstalações. As actividades em 2022 concentraram-se, principalmente, na modernização dos postos de abastecimento”, disse.
Dos 24, foram alienados seis activos, estão em negociação sete e foi liquidado um, o que permitiu arrecadar 130 milhões de dólares.
Fonte: AN