O custo do serviço da dívida de Angola vai duplicar no próximo ano, subindo de 7,27 mil milhões de dólares para 14,7 mil milhões de dólares, e manter-se acima dos 10 mil milhões de dólares nos próximos anos.
De acordo com um documento do Governo, a que a Lusa teve acesso, que especifica o montante dos pagamentos do serviço da dívida por ano, até 2033, Angola vai ter de pagar no próximo ano 14,53 mil milhões de dólares, o dobro dos 7,27 mil milhões de dólares já desembolsados até Agosto deste ano.
A subida nos montantes, a partir do próximo ano e até final da década, levou a ministra das Finanças a dizer, em entrevista à Lusa esta semana, à margem da sua participação nos Encontros Anuais do Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial, que a dívida será a questão central nos próximos anos.
“Até 2029 vamos ter tempos de desafio e por isso vamos ter de ser criativos para endereçar o tema das infraestruturas, mas também não podemos parar tudo porque Angola é um país enorme com muitas necessidades, ao mesmo tempo que temos de ser conservadores para não agravar a nossa situação”, disse a ministra das Finanças na entrevista à Lusa.
Até final da década, Angola vai assim viver uma tensão permanente entre a necessidade de investir em infraestruturas e a vontade de controlar o endividamento.
No documento com os montantes a pagar pela dívida, constata-se que o pico é atingido em 2024, mas continua acima de 10 mil milhões nos anos seguintes: em 2025 Angola pagará 11,91 mil milhões, seguindo-se 10,99 no ano seguinte, 8,9 mil milhões em 2027 e 10,54 mil milhões de dólares em 2028.
A partir daí, os montantes começam a descer de forma significativa, para 7,71 mil milhões em 2029, e para 4,72 mil milhões de dólares no ano seguinte, mantendo a trajetória descendente para 2,4 mil milhões em 2031, subindo depois para 3,91 mil milhões em 2032 e novamente descendo para 1,44 mil milhões em 2033, o último ano mostrado no documento.
Angola é, a par dos lusófonos Cabo Verde e Moçambique, um dos oito países africanos com o rácio da dívida sobre o PIB mais elevado, chegando a 84,9% este ano e 77,1% em 2024, de acordo com os dados mais recentes do FMI, expressos no relatório sobre a evolução das economias da África subsaariana.
Fonte: NJ