A Embaixada da República Democrática do Congo (RDC) em Angola está a preparar uma cerimónia oficial de reconhecimento ao músico Sam Mangwana, uma das estrelas vivas da rumba congolesa, classificada como Património Imaterial da Humanidade em Dezembro de 2021, devido à sua inegável contribuição para a música em todo o mundo, mas também para os valores pan-africanos e a memória africana.
A cerimónia de tributo a este “mestre da música africana” acontecerá no dia 1 de Novembro, no Centro de Conferências de Talatona, em Luanda, onde será outorgado com uma medalha de ouro pelo Mérito em Artes, Ciências e Letras.
A informação foi anunciada ontem por Patthy Bernard Ndyadya, porta-voz do evento e quadro da Embaixada. Segundo avançou, o músico Sam Mangwana será reconhecido pela República Democrática do Congo pela sua contribuição na rumba congolesa e a influência da sua música na união entre os povos africanos. “O artista personifica a união cultural entre a República Democrática do Congo e a República de Angola”, defende o porta-voz do evento.
O porta-voz sustentou que o reconhecimento ao músico é relevante e justo para a República Democrática do Congo, que agora homenageia esta figura emblemática e lendária do música africana de nome Samuel Mamgwana, atribuindo-lhe a Medalha de Ouro pelo Mérito nas Artes, Ciências e Letras, no intuito de recompensá-lo pelos actos meritórios realizados em favor da promoção da Rumba Congolesa em todo o mundo.
A representação diplomática da RDC destaca a irmandade entre os dois países que comungam parte da mesma geografia, história e cultura.
“A cultura continua a ser um instrumento eficaz para aproximar e fortalecer a harmonia, a solidariedade e a fraternidade entre os povos e a música constitui justamente um elemento fundamental desta dinâmica”, sublinhou.
Contactado pelo Jornal de Angola, Sam Mangwana manifestou satisfação pelo reconhecimento, tendo frisado estar profundamente contente por receber uma das mais altas distinções da República Democrática do Congo no campo das artes e ciências.
“Tem um significado especial sentir que o que foi feito no passado marcou pessoas e nações. O embaixador foi à busca da medalha de ouro em Kinshasa, para me entregar aqui na minha terra”, revelou Sam Mangwana.
“Os dois povos partilham uma riqueza cultural abundante, como o estilo musical Rumba, originalmente chamada de Nkoumba ou dança do umbigo, que tem origem na República de Angola, na República Democrática do Congo e na República do Congo”, sustenta o membro da missão diplomática da RDC.
Desde 2021 que a rumba congolesa consta como Património Cultural Imaterial da Humanidade, tendo Sam Mangwana como um dos indiscutíveis promotores à escala africana e global.
Samuel Mangwana nasceu em Maquela do Zombo, província do Uíge, a 21 de Fevereiro de 1945. Com os pais emigrou para o então Congo Belga. Em Kinshasa, durante as férias escolares, era na terra natal onde regressava, uma experiência reflectida no emblemático tema “Tio António”.
Sam Mangwana é uma das últimas grandes estrelas vivas da rumba congolesa e um dos artistas angolanos com maior reconhecimento internacional. Conhecido como “Pougeon Voyegeur”, que na tradução livre significa pombo viajante pelas constantes aventuras pelos países do continente.
O artista começou a carreira musical em 1963, na então República do Zaíre, hoje República Democrática do Congo, no grupo African Fiesta (de Tabu Ley Rochereau), posteriormente African Fiesta National, Africa International. Colaborou com a mítica banda TP OK Jazz, de Francó, considerada a maior estrela da música africana do seu tempo. Formou e liderou os grupos Festival des Maquisards e African All Stars. Da sua vasta discografia, o destaque vai para “Maria Tebo” (1980).
O seu mais recente álbum é “Lubamba” e foi lançado em Luanda, em 2016. Da vasta discografia destaca-se “Matinda”, “Maria Tebo”, “Cooperation”, “Georgette”, “No me digas no”, “Waka Waka”, “Pátria querida”, “Galo Negro” e “Cantos de esperança”, sendo os três últimos muito direccionados para o público angolano.
Fonte: AN