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Quase uma centena de manifestantes detidos vão a julgamento sumário

Oitenta e sete pessoas foram detidas durante as manifestações de sábado em Luanda e em Benguela, segundo o porta-voz da Polícia Nacional de Angola, devendo ser julgados sumariamente por crimes de arruaça e desobediência.

Segundo à imprensa, que cita o porta-voz do Comando Geral da Polícia Nacional, subcomissário Mateus Rodrigues, foram detidos 32 manifestantes em Luanda e 55 em Benguela, no âmbito dos protestos contra a subida dos preços dos combustíveis, fim da venda ambulante e proposta de alteração dos estatutos das ONG que levaram milhares de angolanos à rua.

Informações de activistas dão conta de detidos em outros locais, designadamente Cabinda, Bié e Huambo. A Lusa contactou a Polícia Nacional para obter mais esclarecimentos, mas não obteve resposta.

Segundo declarou Mateus Rodrigues à imprensa, os organizadores da manifestação não obedeceram aos pressupostos legais, violaram o itinerário e proferiram ofensas contra os agentes.

Num comunicado divulgado no domingo, a Polícia Nacional responsabilizou a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), principal partido da oposição, pelos distúrbios, embora esta força política não tenha aderido oficialmente aos protestos e tenha denunciado alegadas tentativas do regime de culpar o partido pelos incidentes.

Mateus Rodrigues considerou, de acordo com o Jornal de Angola, que a presença do secretário-geral da Jura, Nelito Ekuikui, e do primeiro secretário da UNITA na província, Adriano Sapiñala, ambos deputados, deu à manifestação um “carácter político”.

Nas suas redes sociais, Sapiñala e Ekuikui criticaram a Televisão Publica de Angola, que usou a imagem dos dois dirigentes e acusou a UNITA de incitar à desordem citando “fontes do Governo”, instando o canal público a passar imagens das agressões da polícia e a exercer o princípio do contraditório.

Também o presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, abordou a questão na sua página do Facebook, apontando “acusações levianas dirigidas contra a UNITA e o seu presidente, sem o direito do contraditório, numa grosseira manipulação dos conteúdos informativos”.

“É lamentável que agentes da polícia e jornalistas se sujeitem a esses fretes”, lamentou o líder da UNITA.

Os protestos foram reprimidos em Luanda e Benguela com a polícia a usar gás lacrimogéneo e disparos contra os manifestantes, o que resultou num número indeterminado de feridos, incluindo sete elementos das forças de segurança, segundo a Polícia Nacional.

Fonte: NJ

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