O Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Geral poderá decretar novamente uma greve para exigir do Governo o cumprimento dos acordos constantes no caderno reivindicativo.
A informação foi hoje avançada por Guilherme Silva, o presidente do SINPROF, que avança que já se passaram três meses desde o prazo acordado para o Governo cumprir com as exigências dos professores em 2022.
“Nós discutimos com o Executivo e chegamos a entendimento nalguns pontos, cuja execução tarda. Fez-se um levantamento de vagas deixadas pelos colegas falecidos, os que passaram à reforma, os que deixaram o sector da educação por falta de condições, o que mudaram para o Ensino Superior. Essas vagas seriam para melhorar a questão dos colegas que estão no sexto grau e que não foram promovidos”, afirmou.
Outra das exigências acordadas pelas partes e que até ao momento não é cumprida, segundo o responsável sindical, é o concurso público interno de promoção, para aqueles que deram entrada no ministério como quadro administrativo, mas que hoje, depois de melhorados os seus níveis académicos “foram colocados na sala de aulas”.
Disse ainda que o subsídio de isolamento destinado aos professores que leccionam “nas zonas recônditas”, continuam por receber, visto que o diploma foi aprovado e publicado em Diário da República, no mês de Março de 2023.
O Presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Geral mostrou-se indignado com o silêncio do Governo, que se comprometeu em pagar “até porque diziam que esse dinheiro consta do Orçamento Geral do Estado 2023, mas até agora nada”.
Por esta razão, Guilherme Silva anuncia, para breve, uma nova paralisação das aulas em todas as escolas do ensino geral.
“Nós vamos reunir o conselho nacional do SINPROF que vai deliberar e em vias de regra, quando reunimos sobre essa pressão de acções não executadas pelo executivo já sabemos o que daí virá. Portanto, o SINPROF não recua quando a questão tem a ver com greve. E nunca recuará”, garantiu.
Guilherme Silva chama atenção ao Governo no sentido de “saber ouvir e não apenas fazer ouvidos de mercadores”.
Aquele responsável sindical aproveitou a ocasião para referir-se à condição salarial dos professores, classificando-a como sendo “vergonhosa”, a olhar para o custo de vida no país.
Denunciou ainda que os colégios privados aumentaram o preço das propinas “porque grande parte dos indivíduos, senhores do Executivo são os donos ou accionistas maioritários dos ditos colégios”.
“Apressaram-se em aprovar esse tal diploma de aumentar a propinas em 10,62%, mas o salário mantém na mesma posição. E são eles que pagam as propinas dos filhos [nos colégios]”, referiu, acrescentando que o valor da inflação apontado como justificativa para o aumento da propina também devia ter sido usado em relação aos salários dos professores.
Lembrar que o último caderno reinvindicativo do SINPROF foi remetido ao Governo em 2019, e em 2022, as partes chegaram a um entendimento, depois de várias paralisações às aulas.
Os acordos rubricados, sobre aumento da tabela salarial, subsídio de isolamento e efectivação das promoções foram publicados em Diário da República em Março de 2023.
Fonte: CK