O saco de cimento de 50 Kg está a ser vendido à volta dos 4.500 Kz, cerca de mais dois mil Kz quando comparado com o primeiro trimestre do ano passado. O facto tem implicações directas no sector da construção e nos programas de habitação.
O preço do cimento subiu 41,6% nos últimos 12 meses, sendo o produto da classe dos materiais da construção, a par do aglomerante, que mais aumentou de preços no período, segundo dados do Índice de Preços dos Materiais de Construção (IPMC) divulgado recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os demais produtos, cujo aumento de preços foi significativo foram a madeira e contraplacado, com 20,7%, betão pronto, com 18,9%, aço (18,3%) vidros e artigos de vidro (17,6%), pedra britada e mármore (17,4%).
Para o engenheiro civil, António Venâncio, as razões para o aumento do preço do cimento em Angola tem que ver com a actual conjuntura económica do País aliada à desvalorização da moeda nacional e à inflação.
“Se olharmos atentamente para os custos fixos directos e indirectos, veremos que a alteração dos preços dos produtos e sobretudo dos combustíveis no mercado nacional terão influenciado sobremaneira no aumento do preço do cimento”, estima, notando que a indústria cimenteira no País se encontra fortemente afectada pela conjuntura económica actual. De acordo com especialista em fiscalização de obras, as características técnicas do sistema de produção, incluindo os altos consumos de energia e de combustíveis, que a tecnologia da produção dos componentes do cimento exige e a manutenção dos equipamentos contribuem para a estrutura de custos elevados do ciclo de produção do cimento.
Explica igualmente que a exploração em jazidas para a obtenção da argila e de calcários para a produção de clínquer, associado ao processo de transporte e acondicionamento é um processo custoso para uma cimenteira, onde o equilíbrio económico-financeiro só pode ser garantido com uma produção em grande escala e uma demanda crescente capaz de obter resposta no volume produzido.
“Quando o mercado reage com crises, ainda que temporárias, também o sector da indústria de materiais de construção vê-se bastante afectado. E como o cimento é o produto mais consumido no sector da construção civil, quer em Angola, quer no mundo inteiro – só ultrapassado pela água – então não se espera outra coisa senão o aumento do preço do cimento”, disse.
O País possui cinco fábricas de cimento, nomeadamente, Nova Cimangola e CIF (praticamente paralisada e em processo de privatização), em Luanda, Cimenfort, província de Benguela, Secil (Lobito) e FCKS, situada na província do Cuanza Sul. Até o ano passado o País possuía uma capacidade instalada de produção de em torno dos 8,6 milhões de toneladas de cimento por ano.
Convém ainda frisar, que o preço da venda do cimento em Angola é o mais baixo dos países da SADC, segundo a Cimangola, e daí a apetência pelo produto dos países limítrofes de Angola.
Nesta altura, a Nova Cimangola produz todos os meses cerca de 130 mil toneladas de cimento e desse número, 90 mil toneladas são vendidas no mercado interno e 40 mil são exportadas para países como o Gana, Camarões, Togo, Gabão, Benin, Costa do Marfim e Brasil.
Fonte: Expansão